Em 1991, surgia uma banda que viria se tornar um ícone. Misturando black music, samba rock, reggae e rap, a Ultramen subiu ao palco na beira da praia em Ipanema, na Capital, sem saber que criaria verdadeiros hits como Dívida, Preserve e Tubarãozinho. Três décadas de carreira depois, o grupo lançou no YouTube um documentário sobre sua história — e, agora, Ultramen: 30 anos vai adentrar a telinha por meio do Music Box Brazil, que exibe a produção na segunda-feira (21), às 20h10min e a reprisa na terça-feira (22), às 8h10min.
A ideia do longa só surgiu durante a pandemia. Segundo o vocalista Tonho Crocco, as fitas VHS do primeiro show estavam perdidas, mas foram ocasionalmente encontradas pelo antigo produtor da banda. A partir daí, ficou decidido que o grupo deveria celebrar seus 30 anos de estrada com uma produção audiovisual.
Com cerca de uma hora de duração, o documentário revisita os momentos cruciais da banda, desde a sua formação até sua consolidação no cenário musical nacional. Revela, ainda, as dificuldades que passaram no início da carreira por não conseguirem uma gravadora.
— A gente não conseguia gravadora, só conseguimos em 1998. Planet Hemp, Rappa, Raimundos e outras bandas da época acabaram lançando disco antes. Também sofremos mais perrengue por ser uma banda gaúcha, como qualquer banda fora do eixo — explica Crocco.
Alia-se a esse material de arquivo falas de colegas da banda e de outros sujeitos importantes, a exemplo de Dado Villa-Lobos, guitarrista do Legião Urbana e dono do selo Rock It!, com quem a banda assinou seu primeiro contrato. Além disso, quem viveu os shows da Ultramen na época e lembra dos mosh pits e dos fãs que subiam no palco se atirando para os demais segurarem, poderá curtir o depoimento da primeira pessoa — uma mulher — a fazer isso em uma apresentação do grupo.
O longa também mostra outros fatos mais inusitados. Questionado se havia situações curiosas ou engraçadas no documentário, Tonho Crocco respondeu rindo:
— Tem umas histórias relacionadas a drogas! E também tem a história de que o Zé Darcy roubou uma bateria inteira. Mas esses dois spoilers estão bom já!
Enfrentadas as barreiras iniciais, a Ultramen foi ganhando cada vez mais notoriedade e seguiu fomentando a cena musical, lançando seus álbuns de maneira independente. Passou por um hiato de cinco anos, entre 2008 e 2013, e depois de retornar aos palcos, gravou o DVD Máquina do Tempo. Ainda que também tenha figurado em 2005 no Acústico MTV: Bandas Gaúchas, no qual se apresentou ao lado de grupos como Cachorro Grande e Bidê ou Balde, Crocco diz que não a considera uma banda gaúcha, e sim brasileira.
— Quando a gente volta (do hiato), grava o disco Tente Enxergar (em 2018). Começamos a dar o vinil para amigos da banda em São Paulo. Tinha um cartão, escrito assim: "banda gaúcha". E o Gustavo, o Black Alien, falou assim: "Não, vocês não são uma banda gaúcha, são uma banda brasileira. Botem isso na cabeça de vocês". E a gente não vê isso, quem tá de longe enxerga melhor.
Ainda em 2021, após o retorno dos eventos presenciais, a banda Ultramen conseguiu celebrar seus 30 anos de existência no teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa. Por enquanto, um novo disco não está no horizonte: segundo Crocco, o enfoque está no retorno aos palcos e o próximo show ocorre em 9 de abril, no Barcelos Beer & Food, com aquisição de ingressos via Sympla.