Foram quase sete horas de homenagens à cantora Marília Mendonça, de 26 anos, vítima de acidente aéreo neste sábado (6). O velório, marcado por muita comoção e música, teve início por volta do meio-dia, quando o corpo da artista e do tio dela Abicieli Silveira Dias chegaram no Ginásio Goiânia Arena, em Goiás.
O primeiro momento, logo após a acomodação dos caixões, foi destinado aos familiares, amigos e artistas, como Maiara e Maraísa, Luísa Sonza, Henrique e Juliano, Naira Azevedo, Jorge (da dupla Jorge e Matheus), a dupla Mateus e Kauan, João Neto e Frederico, Vitor e Luan e Luisa (da dupla com Maurilio) que foram se despedir da Rainha da Sofrência, como ela era conhecida em todo o país.
Depois, por volta das 13h, os portões foram abertos aos fãs, que desde o início da manhã formavam fila no local para cantar a última música com Marília. O número de pessoas que foram até o ginásio não foi informado, mas cerca de 100 mil pessoas eram esperadas.
Mesmo antes dos admiradores da cantora adentrarem o recinto do velório, foi possível ouvir os gritos emocionados dos fãs que se encontravam do lado de fora.
Decorado com mais de 60 coroas de flores enviadas por amigos e familiares, o clima do local era de luto e muito respeito. Outras autoridades, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), marcaram presença no local. O ex-marido de Marília, Murilo Huff, também compareceu ao velório.
Por volta das 16h35min, o ginásio foi fechado para o público, e o velório foi se encaminhando para o fim. Dez minutos depois, teve início cortejo que deixou o ginásio em direção ao Cemitério Memorial Parque.
Os caixões de Marília e do tio foram levados em um caminhão do Corpo de Bombeiros, decorado com flores. Em cima do veículo, estava a dupla Maiara e Maraisa. O cortejo foi seguido por uma multidão.
Os corpos chegaram no cemitério às 18h29min, onde a cerimônia de sepultamento foi restrita para familiares e amigos. Marília e o tio foram enterrados às 19h05min deste sábado.
Homenagens e respeito
Mais cedo, em frente ao ginásio Goiânia Arena, admiradores choravam e cantavam as canções compostas por Marília Mendonça. Eduardo de Sousa, de 17 anos, encontrou amigos, também fãs da cantora. O choque, para todos eles, ainda não tinha passado.
— Marília estava comigo todos os dias. Como vou de bicicleta para o trabalho, sempre costumava colocar as músicas dela durante o trajeto. Ela estava no auge da carreira. Na primeira vez que vi a notícia da morte, não acreditei. A dor foi como se fosse um parente meu — lamentou o jovem.
Com bandeiras do Brasil, vendidas no local, penduradas nas costas como uma capa, fãs simbolicamente tentam representar o peso que Marilia Mendonça teve para a música brasileira.
Ela representa o Brasil. Já esteve em todos os Estados e nos representou no Grammy Latino
BIA DUARTE
Fã de Marília Mendonça
— Ela representa o Brasil. Já esteve em todos os Estados e nos representou no Grammy Latino — diz Bia Duarte, de 15 anos, que encontrou o amigo Eduardo no local.
No local, os admiradores falavam em tom de voz baixo e aproveitaram o momento para conversar sobre o impacto da cantora em suas vidas. Com 34 anos, Camila Ribeiro relatou que, desde que soube do acidente, não conseguiu conter as lágrimas. Sentada em frente ao Goiânia Arena, não foi diferente.
— A única coisa que consigo dizer é que cada música dela representa uma fase diferente de minha vida — desabafou.
O acidente
Marília Mendonça saiu de Goiânia, em Goiás, para se apresentar em Caratinga, interior de Minas Gerais, quando o avião em que viajava com a equipe caiu, por volta das 15h de sexta-feira (5).
Na aeronave, um bimotor que fazia táxi aéreo, além de Marília e o seu tio, Abicieli Silveira Dias, estavam o produtor Henrique Ribeiro, o piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) disse que a aeronave atingiu um cabo de uma torre de distribuição da empresa antes do acidente. As informações confirmam relatos de pilotos que sobrevoaram a região e de testemunhas de que o avião "rasgou" os fios de alta tensão ligados a uma torre próxima ao local.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave era um PEC Táxi Aéreo, modelo C90A e fabricada em 1984. Sua situação de aeronavegabilidade (condições para voo) é "normal" e o certificado foi emitido ainda em agosto do ano passado.