"Não aguento mais / Minha situação / Ando desolado / Sem você do meu lado": este trecho de Borracho y Loco, clássico interpretado pela banda Vera Loca, diz muito a respeito da situação do grupo musical, que está desde março de 2020 sem fazer um show aberto ao público. Agora, porém, todo esse lamento está perto de acabar.
A partir das 21h deste sábado (16), o Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685) recebe a banda para realizar, enfim, a apresentação que estava programada para dezembro do ano passado. O show marcaria o reencontro com o público, mas o agravamento da pandemia de covid-19 adiou os planos de tocar o álbum Vera Loca – 18 anos ao vivo, gravado em 2019 no Opinião.
O disco, que resgata a trajetória de, agora, quase 20 anos da banda, acabou sendo disponibilizado durante a pandemia, sem um "lançamento oficial", de acordo com o vocalista Fabrício Beck. A coletânea foi gravada justamente em um encontro que marcou o retorno da Vera Loca aos palcos depois de uma pausa, em 2018. E, agora, embalará este novo reencontro.
— Além das músicas do disco, pretendemos tocar os clássicos que o público sempre pede e que não podem faltar nos nossos shows, como Preto e Branco, Cuidado Ana, Graffiti, Borracho y Loco e Maria Lúcia, mas a gente também terá algumas surpresas — promete Beck.
A parada
Desde a parada obrigatória, cancelando a agenda do grupo, os integrantes da Vera Loca seguiram mantendo contato com o público através de lives, boa parte delas beneficentes, que renderam um total de sete toneladas de doações para o Banco de Alimentos. Compuseram novas canções, tocaram pela primeira vez para uma centena de automóveis em drive-in e, além do 18 anos ao vivo, ainda lançaram mais um álbum, com raridades garimpadas em fitas cassete com mais de 15 anos.
Mas, mesmo criando diversas atividades, o período sem contato com o palco não foi fácil:
— O músico vive da música, então, o fato de a gente não poder trabalhar, nos pegou em cheio. Desde os meus 16, 17 anos, sempre estive na estrada tocando. Aí, de uma hora para outra, ser obrigado a parar é muito difícil — destaca o vocalista da banda, que ainda conta com Felipe “Mumu” Bortholuzzi no baixo, Diego Dias no teclado, Hernán González na guitarra e Luigi Vieira na bateria.
Beck conta que ele e seus colegas até tentaram "se virar”, mas como todos atuam no meio artístico, com a Vera Loca ou com outros projetos musicais, as alternativas foram escassas durante o período.
— Foi muito pesado a gente viver nessa angústia de não saber do amanhã. Quando começou a pandemia, achamos que iria ser um mês, dois, não tínhamos a mínima ideia do que estava rolando. E foi indo, foi indo. Quando a gente viu, passou mais de ano. Isso balançou bastante, porque a gente vive realmente da música. A classe artística sofreu muito — explica.
A volta
Fabricio Beck enfatiza que nada substitui a troca com o público:
— É um reencontro da banda com o palco e com os fãs. A venda de ingressos está muito boa. Então, estamos com expectativa a milhão.
A professora Josélia Pereira compartilha do mesmo sentimento do músico. Segundo ela, assim que viu a nova data, convocou o irmão Rodrigo para ir com ela no show, que será o seu primeiro desde que começou a pandemia.
— Eu estou muito ansiosa. Nunca fui em um show deles, mas, durante a pandemia, consumi tudo o que eles produziram, assisti a todas as lives. Sábado, vou estar lá, curtindo e dançando, mas sentadinha, como tem que ser — conta.
Tanto ela quanto o irmão já estão vacinados com as duas doses da vacina contra a covid-19:
— Estaremos lá com os ingressos em uma mão, e a carteirinha de vacinação na outra.
Além das vendas antecipadas, pelo site do Sympla, o Araújo Vianna também deve disponibilizar ingressos na hora para os interessados, com a bilheteria abrindo duas horas antes do início do show, porém, dentro do limite estipulado pelos protocolos de segurança em Porto Alegre.
De acordo com Rodrigo Machado, sócio-diretor da Opinião Produtora, administradora do Araújo Vianna, a capacidade será de 2.100 pessoas, ou seja, 50% da capacidade do local. Sobre a apresentação da carteirinha de vacinação, ele ainda não sabe se será obrigatória, mas diz que vai seguir as regras vigentes no dia do show.
Beck convoca tanto fãs que acompanham há quase duas décadas, também a nova geração para ir ao show. Segundo ele, mesmo que a classificação do show seja 16 anos, acompanhado dos pais, crianças e jovens de todas as idades poderão entrar na apresentação.
— A sensação de voltar ao palco é como a do primeiro dia de aula, como quando o cara é adolescente e volta das férias. Aquela adrenalina — finaliza.
Assim, nem os integrantes da Vera Loca e muito menos o público cantarão "E eu te esperarei / Te esperarei pra sempre" um para o outro. O show está aí e o reencontro tão aguardado, finalmente, acontecerá.