A menina de Tuparendi, no noroeste gaúcho, cresceu, casou, enfrentou um término turbulento e agora está conquistando o mundo com sua música. Luísa Sonza atraiu novamente os holofotes para si com o lançamento de Doce 22, seu segundo álbum de estúdio, no dia 18 de julho, data em que ela completou 23 anos de vida.
Seu estrelato começou nas redes sociais, onde conquistou milhões de visualizações com covers de Despacito (de Luis Fonsi) a Blackbird (dos Beatles), a partir de 2014. Em 2017, graças ao sucesso na web, assinou um contrato com a Universal Music, quando já tinha um relacionamento com o humorista e youtuber Whindersson Nunes. Nessa época, a veia dançante e despretensiosa de Luísa aflorou: seu primeiro hit pela gravadora, Rebolar, no início de 2018, atingiu o topo do YouTube. O single seguinte, Devagarinho, foi sua primeira canção a atingir o Top 50 do Spotify nacional.
De lá para cá, a cantora gaúcha investiu em letras bem quentes. Boa parte delas falam sobre relações na cama ("Gosto quando vai bem fundo, se não sabe, eu te ajudo", em Pior Que Possa Imaginar), paixões avassaladoras ("Fica comigo a noite toda, perde a hora / No meu ouvido sussurrando com a voz rouca / Dizendo que me quer pra agora a vida toda", em Bomba Relógio) e sedução feminina ("Sei que todo mundo quer um pedacin, É que a menina faz gostosin", em Braba). As composições, em sua maioria, são assinadas pela própria artista, em parceria com nomes como Diego Timbó (produtor de canções de Maria Gadú e IZA) e Arthur Marques (compositor de vários sucessos recentes de Pabllo Vittar).
A cada lançamento novo, Luísa despertava mais interesse do público e ganhava novos fãs nas redes sociais - atualmente, ela já soma mais de 23 milhões de seguidores no Instagram. Um dos ápices de sua carreira foi o lançamento de Modo Turbo, faixa gravada em parceria com Pabllo Vittar e Anitta, em dezembro de 2020, o clipe mais caro produzido no Brasil, orçado em R$ 1,5 milhão.
Enquanto se consolidava como uma cantora empoderada, Luísa viu as turbulências de sua vida pessoal afetarem sua carreira. Após se separar de Whindersson, em abril de 2020, ela foi alvo de críticas ao lançar um clipe com Vitão e, meses depois, assumir um romance com o cantor. Já em maio deste ano, sofreu ataques de ódio logo após a morte do filho do ex-marido. Dessa vez, a artista decidiu se afastar das redes sociais por um período para acalmar a situação.
Volta por cima
No início de julho, porém, Luísa surpreendeu os seguidores ao anunciar o lançamento de Doce 22. "Meus Doces 22. E bem, de certa maneira, tô ansiosa para mostrar o que eu fiz para vocês e principalmente para mim, na verdade. Talvez vocês nem entendam nada desse álbum, ou entendam ele todo errado. Ou talvez vocês finalmente possam me entender. E, se vocês entenderem, podem explicar para mim? Porque eu acho que ainda não entendi nada", escreveu a artista, em post no Instagram.
A julgar pelos números da primeira semana do lançamento, o público entendeu o recado. O segundo disco da carreira de Luísa recebeu 29,8 milhões de audições na estreia, número que o coloca como o álbum mais ouvido em uma semana no Spotify Brasil, superando Chromatica, de Lady Gaga, e Sour, de Olivia Rodrigo.
Doce 22 também atingiu a segunda colocação de estreia entre os álbuns novos do Spotify mundial, no mesmo período, perdendo apenas para o rapper inglês Santan Dave, por We’re All Alone In This Together. No consolidado, ficou com a 37ª colocação dos discos mais ouvidos em todo o mundo na plataforma.
As 14 canções - três delas ainda inéditas - também tiveram um bom desempenho individualmente. No dia do lançamento do álbum, todas as produções entraram na relação das 70 faixas mais ouvidas do país do Spotify. penhasco, por exemplo, acumulou 703.602 audições em 24 horas na última quinta-feira (22), um dos recordes da plataforma. A mesma música entrou para a lista das 10 estreias mais ouvidas no planeta, entre os dias 23 e 25 de julho.
Abaixo, GZH explica os elementos de Doce 22 que explicam os recordes de audição:
Lado mais vulnerável
Doce 22 é dividido em dois lados, A e B. O primeiro apresenta canções dançantes e com letras mais soltas, como Luísa sempre fez - incluindo Modo Turbo, lançada no ano passado. Já a segunda parte é que mostra o amadurecimento da gaúcha: a cantora fala sofre perdas, fim de relacionamentos e a pressão da sociedade.
Em penhasco, parece estarmos diante de uma carta de amor ao ex: "Estranho mesmo é te ver distante / Botaram o nosso amor numa estante (...) Eu tive que desaprender / A gostar tanto de você". Já melhor sozinha fala sobre enfrentar um término ("Eu sou bem melhor sozinha, sabe / Mas talvez tem um cantinho e cabe / Um pouco"). Em caos/flor, Luísa aborda as diferenças de um romance ("Já disse: Eu sou poema e problema pra tua vida / Tá bom, já tava mesmo de saída"). Em o conto dos dois mundos (hipocrisia), ela conta sobre não se encaixar nem no mundo de sua infância, tampouco em em seu atual momento nas grandes metrópoles.
Batida dançante e empoderamento
Apesar de o Lado B ser o grande destaque do trabalho, o Lado A não fica devendo por trazer faixas mais dançantes. VIP mantém a essência da artista de falar sobre sedução ("Eu sei que você gosta quando eu danço de costas / Faça sua proposta, é sorte ou azar"), com uma batida grudenta. Já Mulher do Ano segue o mesmo ritmo animado abordando o quanto ela se autovaloriza ("Pode falar que eu sou uma delícia / Que nada te dá mais tesão do que eu") - sem deixar de falar sobre empoderamento feminino, uma de suas marcas.
Poder das redes
Com as questões de sua vida pessoal pautando discussões nas redes sociais, Luísa agitou o público quando anunciou que lançaria Doce 22 como uma resposta a este momento. Para preparar o terreno, ela lançou uma playlist no Spotify dias antes, listando suas referências para o material inédito. A expectativa só cresceu: no compilado, havia hits de Britney Spears, Christina Aguilera e Legião Urbana.
Clipes bem produzidos
Além do disco, Luísa lançou dois videoclipes, VIP e melhor sozinha, que ajudaram no volume das audições. O primeiro, que mostra a artista como uma empoderada empresária, teve investimento de R$ 1 milhão e já recebeu mais de 5,5 milhões de visualizações. Já o segundo soma mais de 6,8 milhões de visitas e traz a cantora em um colchão lamentando a solidão.
Produção pensada em Spotify
Os artistas, cada vez mais, têm testado novos formatos dentro do próprio Spotify. Antes de cada lado do disco, Luísa aparece em um curto vídeo apresentando as faixas. A playlist especial de referências, revelada dias antes, também ajudou a aquecer o material.
Outro detalhe está nas três faixas ainda não lançadas: Café da Manhã, gravada com Ludmilla, Fugitivos, com Jão, e Anaconda, com a americana Mariah Angeliq. Sem previsão de lançamento, a expectativa gera ainda mais comoção sobre o disco.