Dois nomes premiados de gerações distintas da música gaúcha, Érlon Péricles, 48 anos, e Elton Saldanha, 65, unem as suas experiências para lançar um projeto inédito. Nesta sexta (20), nas plataformas digitais, os fãs conhecerão o fruto da parceria entre eles: o álbum Amigos do Tempo Antigo, que também terá uma pequeno lote de discos físicos, à venda no site da Minuano Discos (R$ 24,90).
Segundo Elton, a parceria começou durante a pandemia de coronavírus, embora os artistas já fossem amigos há bastante tempo.
— Conheço o trabalho do Érlon desde muito tempo. Frequentamos o Festival da Barranca (em São Borja), tivemos lá algumas parcerias premiadas, inclusive. No começo da pandemia, vi que as pessoas começaram a se enclausurar e fiquei aqui por casa, fazendo pão, lives e interagindo com amigos pelo telefone. Um dia, convidei o Érlon para fazer uma música. Ele veio aqui em casa, fizemos um chimarrão e já saíram umas três músicas — explica.
Proximidade
Com 14 faixas, sendo 13 compostas por Elton e Érlon e uma de autoria do irmão de Érlon, Binho Pires, o disco é uma verdadeira celebração à amizade da dupla e a uma característica que os dois têm no momento de compor: a facilidade de fazer músicas populares e se aproximar dos fãs.
— Sempre chamei o Elton de professor de refrão, ele é maior referência que tive na minha adolescência. E, quando eu vim para Porto Alegre, há 12 anos, nossa amizade aumentou, ele me recebeu de braços abertos. Ele sempre me inspirou muito, pela facilidade de fazer coisas populares. Tu não imagina a alegria que estou de fazer esse trabalho, é um discípulo que está lançando algo com seu mestre — comemora Érlon.
De acordo com a dupla, a principal característica do disco é, justamente, se aproximar dos fãs por meio de letras populares, como a própria faixa que dá nome ao trabalho.
— Foi uma canção que acabou "vazando" antes de o disco ser lançado, um amigo do Elton deixou escapar. E isso nos deu indícios de que a canção era boa, ela teve boa receptividade nas rádios nas quais foi tocada. E retrata um pouco do valor dos amigos, nesse tempo de pandemia. Isso tocou e vai tocar ainda mais as pessoas nesse tempo — comenta Érlon.
O disco, que foi gravado no estúdio de Érlon, na Capital, teve a participação do acordeonista Tiago Camargo em duas faixas e do gaiteiro Lincoln Ramos em outras 10, além da produção de Guilherme Castilhos, que tocou violão e contrabaixo. A equipe enxuta mostra a preocupação da dupla com o momento atual.
— Foi um disco feito com pouca gente, o que acabou facilitando nosso trabalho, em tempos de distanciamento — comenta Érlon.
Salientando a parceria com o colega mais jovem, Elton comenta que podia ter gravado algo semelhante com parceiros históricos, como Renato Borghetti, por exemplo.
— Além de ser um instrumentista de qualidade, Érlon escreve, faz melodias, vê todos os lados da produção musical. Veja só, gravei meu primeiro disco em 1985, tenho 20 álbuns, e ainda não tinha uma parceria próxima como essa que estou fazendo com o Érlon. Isso é muito raro — elogia.