Inaugurado há três anos, o bar Agulha já se consolidou como um dos principais polos de renovação da música popular gaúcha. A casa se dedica a promover atrações da cena independente nacional e local, trazendo tendências e gerando diálogo entre os artistas locais e quem está despontando entre regiões do país. Desde o início da pandemia, o Agulha também tem se demonstrado capaz de renovar suas atividades – mas sem perder o foco na música.
Com as portas fechadas desde março, o bar criou uma solução original para se manter em atividade. Diferentemente de grande parte das casas de show, que estão mantendo serviços de alimentação por delivery ou take-away durante a quarentena, o Agulha lançou uma série de produtos ligados à ideia de isolamento social, como pijama, baralho, jogo de ping-pong, cervejas especiais e bebidas para drinks.
Desde a semana passada, o bar tem promovido o projeto Agulha.R, com o qual volta a agitar a cena musical do Estado e do Brasil. Trata-se de uma série de entrevistas e vídeos musicais com artistas de diferentes regiões, mas que prioriza atrações gaúchas.
— Cerca de 70% dos nossos convidados são do Rio Grande do Sul. O projeto original não previa uma proporção tão expressiva de músicos locais. Mas começamos a observar que o artistas daqui estavam fora da maior parte de festivais e lives patrocinadas. Antes da pandemia, já estávamos longe do eixo, e agora a situação apenas de agravou — avalia Eduardo Titton, sócio da casa.
O Agulha.R já estava confirmado antes da pandemia de coronavírus, contemplado pelo edital Natura Musical e também pela Lei de Incentivo à Cultura do Rio Grande do Sul. Porém, devido os protocolos de distanciamento, foi reformulado. Originalmente, as gravações seriam realizadas em shows no bar. Agora, tudo é captado na casa dos convidados, por eles mesmos.
Para facilitar o processo, foi criada uma maleta com câmera, microfones e outras parafernálias. O equipamento é de fácil utilização, e a equipe do bar oferece assessoria técnica e cênica. Agora, está na casa da cantora carioca Ana Frango Elétrico, a primeira a testar a valise audiovisual. Depois, a compositora envia o material para o Agulha, que o higieniza e repassa ao próximo convidado.
— Depois que quarentena se estabeleceu, nós nos reunimos com a Natura e com a Secretaria de Cultura e conseguimos aprovar as mudanças no projeto — explica Titton.
Apesar de Ana Frango Elétrico ser a primeira a usar a maleta, o Agulha.R já teve um episódio, gravado em março, com o rapper pelotense Zudizilla, ainda sob as condições pré-pandemia. A sessão musical com Zudizilla tem estreia prevista para 23 de setembro, ao meio-dia, no canal do Agulha no YouTube.
O Agulha.R também conta com entrevistas abertas ao público dos artistas convidados. A próxima será com Ana Frango Elétrico, nesta quarta-feira, às 19h, pelo aplicativo Zoom. Para participar, é necessário se inscrever no endereço sympla.com.br/agulha. Já a sessão musical de Ana irá para o YouTube em 30 de setembro, ao meio-dia.
Ao total, serão 15 artistas convidados: além de Zudizilla e Ana, também estão previstos Saskia, Negro Leo, Zilla DXG, Andressa Ferreira, Katu Mirim, Juliano Guerra, Lígia Lasevi, Cristal, Valéria, Julio Heerlein, Jadsa, Josyara e uma última atração surpresa que será revelada no decorrer do projeto. A programação se estenderá até março
— Com a quarentena, é importante não gerar deslocamentos e aglomerações. O público poderá acessar tudo sem custos. É nossa maneira de fazer com que as pessoas consumam música autoral — afirma Titton.
Além de executar o Agulha.R, a casa também busca apoiadores para realizar mais um novo projeto. Trata-se de uma série de shows à distância, com interação via tecnologia de realidade virtual. A ideia é realizar shows no palco do Agulha, mediante protocolos de segurança sanitária, de artistas solo ou bandas pequenas.
Caso sejam viabilizadas as apresentações, haverá venda de ingressos simples, para as pessoas assistirem no computador ou celular, e também uma modalidade com um óculos de realidade virtual, para o espectador ter uma imersão em 360 graus a partir de câmeras localizadas dentro e fora do palco.
O foco do novo projeto também serão os artistas solos do Rio Grande do Sul:
— Centramos o foco nos artistas locais, pois há, aqui, muitos nomes que as pessoas precisam ouvir — afirma Eduardo Titton.