Depois de estourar com O Sol e cantar sobre a Lua (A Tal Canção Pra Lua), Vitor Kley lança à meia-noite desta quarta-feira (17) A Bolha, seu novo álbum de estúdio. O trabalho estará disponível nas plataformas digitais logo depois de o cantor gaúcho apresentar o show que será transmitido direto de sua casa, em São Paulo, com músicas do novo disco e seus conhecidos hits. O programa Festa em Casa vai ao ar às 20h pelo canal por assinatura Multishow — e tambem pela plataforma da emissora no YouTube.
Aos 25 anos, Vitor já é uma afirmação do pop nacional. Ele foi além de O Sol e superou o estigma do one hit wonder emplacando outros sucessos: Morena, Adrenalizou e Pupila, parceria com o duo Anavitória. O cantor porto-alegrense vê A Bolha como uma transformação em sua carreira, um trabalho em que teve mais liberdade para elaborar suas canções. É o disco, diz, em que ele "se vê".
– Acho que Adrenalizou (2018) é um álbum lindo. Foi necessário para a caminhada, assim como os outros discos. A Bolha é um álbum tipo “eu sou isso, eu curto isso”. São músicas que eu não mudaria uma vírgula. Lógico que tem o Vitor pop, que fala de amor, isso não vai se perder nunca. É um disco mais maduro e com os arranjos mais refinados – descreve o cantor em entrevista a GaúchaZH. – Marca uma fase em que o Vitor se encontra com ele mesmo.
Segundo o cantor, a própria faixa-título do novo álbum é um exemplo dessa liberdade para trabalhar com ritmos que ele costuma ouvir – neste caso, o rock. Com inspirações em Foo Fighters e utilizando guitarra distorcida, A Bolha é o rock que há anos Vitor desejava ter em um disco.
– Essa música tem uma letra envenenada, que fala das redes sociais. É um rock muito doido. Imagino ela num show, com todo mundo pulando – ressalta.
O título do disco também se relaciona a um estado de imersão do músico em suas composições. Vitor conta que o termo "bolha" surgiu em sua vida em 2016. Na época, as coisas ainda não haviam se encaixado. Ele estava em Balneário Camboriú (SC) e começou a brincar no aplicativo musical Garageband, produzindo suas músicas. Por exemplo, o hit O Sol surgiu pelo app. Sua mãe e seu irmão, Bruno (hoje também seu empresário), costumavam dizer que ele ficava na bolha.
– Isso começou a ficar mais frequente na minha vida, de ficar nessa bolha de composição. Então, fiz a música A Bolha. Quando começamos a produzir o álbum, o produtor Rick Bonadio fez um estúdio no apartamento e se referia ao local como “a bolha”. Falei: “Não é possível, tudo agora é a bolha!”. O nome pegou (risos) – relata.
Vitor volta a ser produzido por Rick Bonadio, que é proprietário da gravadora Midas Music e responsável por lançar nomes como Mamonas Assassinas. Foi pelas mãos de Rick que o cantor estourou nacionalmente.
O produtor serviu de inspiração ao pop urbano Ponto de Paz. Vitor destaca que se inspirou numa fala frequente de Rick para sua esposa, Paula, quando ela estava grávida: "Calma amor, você vai ficar bem, eu sou seu ponto de paz”". Ele desenvolveu a música até certo ponto, mas faltava inspiração para completá-la. O cantor optou por inserir frases que ele e seu irmão costumavam dizer, como "Quando uma estourar, as outras vão estourar também”. Ele também cita na letra uma personagem feminina que desde 2010 seria "a maior fã de seu som”. Era pra ser uma personagem fictícia jogada na letra, mas Vitor acabou percebendo que Ponto de Paz fala de alguém que estava bem ao seu lado:
– As pessoas passaram a comentar: “Cara, essa música é muito tu e o Bruno. Parece que tu escreveu para ele". O verso "a maior fã do meu som" deixava a galera em dúvida. A partir de agora, vou cantar “'o' maior fã do meu som", pois descobri que é para o meu irmão – destaca.
Disco na pandemia: "Doideira"
Até o seu lançamento, A Bolha já contava com dois singles: a balada O Amor é o Segredo e a suingada Jacarandá, que conta com participação de Vitão. Entre o leque de influências do disco, Vitor cita nomes como Supertramp, Seal, Foo Fighters, Red Hot Chili Peppers, Kool & the Gang e Tupac Shakur.
O álbum é bastante marcado pelo groove do baixo e uso de beats, com o cantor agregando sonoridades como samba-rock, R&B e hip hop (Retina é o melhor exemplo disso) ao seu pop ensolarado, costumeiramente amparado pelo violão em ritmo leve. Vitor ainda faz um dueto com Jão na balada melancólica Dúvida.
Para Vitor, lançar o disco durante a pandemia é uma forma de confortar as pessoas mesmo à distância:
– Em meio a tanta doideira que estamos vivendo, é uma forma de, com a nossa arte, levarmos coisas boas e sentimentos bons com toda a energia que a gente dedicou a esse álbum.
Na quarentena, Vitor tem aproveitado para descansar da rotina puxada de viagens e apresentações, além de se reaproximar da família. Assiste a séries, joga videogame e segue entrando em sua bolha – escrevendo músicas e produzindo canções para um trabalho futuro
– O mundo tá doente, tudo meio "bad". Temos que parar e refletir, aproveitar o que a gente tem aqui, senão o cara endoida – pontua.