Quase dois anos depois de deixar a banda Cachorro Grande, o guitarrista Marcelo Gross, 47, segue em carreira solo com sua pegada de rock. O músico acaba de lançar Carnaval, segundo single do disco Tempo Louco, que ele pretendia lançar em junho, mas que foi adiado por tempo indeterminado em consequência da pandemia do coronavírus.
A canção, disponível nas principais plataformas de streaming, também ganhou um clipe, dirigido por Diego Basanelli e gravado durante o Carnaval de rua de São Paulo deste ano, no Clandestino Estúdio, pouco antes do isolamento social.
— É sobre um personagem que se perde em um bloquinho de rua. Quem nunca? Esse cara acaba se interessando e se envolvendo com a folia — afirma Gross.
Mas rock e Carnaval combinam?
— Sou um roqueiro brasileiro, com influências do rock clássico e britânico. Esse é o diferencial, falo do Brasil e da brasilidade do qual me orgulho, mantendo minha sonoridade de sempre.
A pandemia adiou seus planos para o novo disco, mas não impediu Gross de continuar a trabalhar. O músico, que mora na região da rua Augusta, no centro de São Paulo, está isolado desde março com a mãe, dona Belony, em Canoas, na Região Metropolitana. De lá, ele tem feito transmissões diárias pela internet, intituladas Love Live.
— Vou apenas ao supermercado, à farmácia, e não tenho visto mais ninguém. Então as lives são uma forma de estar próximo dos amigos e dos fãs. É uma balada bem bacana, regada ao som de artistas que adoro, como Rolling Stones, Beatles e Bob Dylan.
A trilha sonora, ele diz, é exclusivamente feita com sua coleção de vinil.
— Quando tem um aniversário de algum disco, como o Let It Be (dos Beatles) recentemente, eu conto a história da obra e toco algumas dessas músicas.
O músico também apresenta canções autorais, ao vivo.
— São as músicas dos meus dois discos solo e também as que escrevi durante os 20 anos em que estive na Cachorro Grande, como Bom Brasileiro, Dia Perfeito e A Hora do Brasil.
Gross diz que as lives se transformaram em uma balada intelectual.
— Também dou dicas de filmes e livros. E sempre brinco: "tirem as crianças da sala", quando falamos de literatura da geração (do movimento americano) Beatnik. O pessoal abre um vinho, pega algo para comer e assiste. É para os madrugadeiros.
As transmissões são de segunda a sexta-feira, à meia-noite, pelo Instagram do músico (@marcelogross), e há ainda uma sessão matinê aos sábados, às 19h, em seu canal do YouTube (Marcelo Gross). Ele fará uma live especial nesta terça-feira (2), às 18h, na plataforma Show Livre Play. A apresentação faz parte da campanha #musicasalva, onde a plateia escolhe quanto quer pagar pelo ingresso online, de R$ 10 a R$ 30.
Novo álbum
O artista ainda cita o futuro álbum Tempo Louco, que combinar com o momento que vive o planeta.
— Já lançamos Dança das Almas e Carnaval. É legal, porque o público já vai se habituando para quando os shows voltarem.
A terceira canção a ser lançada, As Lágrimas, será disponibilizada daqui a um mês, enquanto o disco não é disponibilizado integralmente.
— Nessa canção, falo que as lágrimas vão com a correnteza e levam as amigas. Chorar não é necessariamente ruim, porque você limpa as mágoas para ter coisas novas.
Edu Barretto e Alexandre Papel completam o power trio de Gross no álbum. Carnaval, também conta com a participação de Pedro Pelotas no piano, ex-tecladista do Cachorro Grande. O artista ainda mantém uma relação próxima com os demais músicos da banda que ajudou a fundar, há mais de 20 anos.
— Sempre que vou gravar um disco, já chamo o Pedro Pelotas. Ele tem um piano martelado ao estilo Little Richard, faz shows.
A relação com Beto Bruno, vocalista da extinta banda, também é de proximidade:
— Falamos uma vez por semana, pelo menos. Às vezes ele me liga bêbado para falar umas bobagens. É ótimo.