O clima de agitação social que toma conta da América do Sul se fez presente na 20ª edição de premiação do Grammy Latino, realizado nesta quinta-feira (14), em Las Vegas, nos Estados Unidos.
Na chegada ao evento, ainda no tapete vermelho, a cantora chilena Mon Laferte exibiu os seios onde estava escrita a mensagem: "No Chile, eles torturam, estupram e matam", enquanto usava no pescoço um lenço verde, símbolo da luta pela legalização do aborto. O Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) do Chile apresentou 181 ações judiciais por casos de homicídios, torturas e violência sexual que teriam sido cometidos por agentes de segurança chilenos durante os protestos contra o governo de Sebastián Piñera.
Indicada ao prêmio de Canção do Ano por "Amarrame", gravada em parceria com o colombiano Juanes, a intérprete também falou com a imprensa sobre os protestos sociais no país que em três semanas deixaram 22 mortos em confrontos com as forças de segurança. Sua compatriota Cami, que concorre na categoria melhor artista revelação, fez questão de destacar as manifestações no Chile.
— É muito triste o que está acontecendo, mas é incrível a maneira como nos manifestamos e como as pessoas acordaram — disse a jovem na cerimônia realizada na véspera para homenagear Juanes como Pessoa do Ano.
O porto-riquenho Residente, vencedor na categoria vídeo clipe com "Banana Papaya", dedicou seu prêmio a "todas pessoas que estão se manifestando na América Latina".
— Não podemos permitir que os governos continuem nos fazendo de idiotas — afirmou.
O nicaraguense Luis Enrique, vencedor na categoria melhor álbum folclórico, com "Tiempo al tiempo", destacou a situação de seu país e da Venezuela.
A Venezuela "segue lutando por sua liberdade", enquanto a "Nicarágua segue em guerra, apesar de quererem mostrar isso de outra maneira", declarou.