Desde 2016, quando retomou a encenação de óperas, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) levou de volta às salas de espetáculo o fiel público da música lírica em Porto Alegre, que costuma garantir casa cheia. Neste ano, a orquestra escolheu Orfeu e Eurídice, do compositor alemão Christoph Willibald Gluck (1714-1787), com récitas no sábado (24), às 20h, e no domingo (25), às 18h, no Theatro São Pedro.
A regência será de Evandro Matté, e a direção cênica, de William Pereira. O espetáculo contará com o Coro Sinfônico da Ospa e com a Cia. Municipal de Dança de Porto Alegre, coreografada por Alexandre Rittmann e Paula Amazonas (ela também uma das bailarinas).
Baseado na mitologia, o libreto do poeta italiano Ranieri Calzabigi musicado por Gluck em 1762 mostra a descida de Orfeu ao submundo dos mortos em busca de sua amada Eurídice, que morreu picada por uma cobra. Durante o resgate, Orfeu não pode olhar para ela, nem explicar por que está proibido de fazer isso.
Originalmente escrito para um castrato (cantor que era castrado na infância para preservar o registro de voz agudo), o papel de Orfeu é interpretado hoje em dia por mezzo-sopranos ou contratenores. Elogiada nos palcos do país, a mezzo Denise de Freitas fará o papel masculino, contracenando com as sopranos Carla Cottini (como Eurídice) e Raquel Fortes (representando o Amor).
Atualização
Ao iniciar a criação deste trabalho, o diretor cênico William Pereira sabia que não desejava uma montagem tradicional. Procurou novos significados para o mundo dos mortos e o paraíso:
— Na minha versão, Orfeu é um maestro, e Eurídice, a sua musa, uma cantora. O parnaso do libreto original se transforma aqui em uma sala de concertos, e o inferno, em uma imensa repartição pública soterrada em papéis e burocracia.
Orfeu e Eurídice é um exemplo bem acabado da renovação na ópera proposta por Gluck no século 18, centrando o espetáculo na dramaturgia e deixando de lado o excesso de virtuosismo e a pirotecnia que ele identificava na época. Assim, representou uma transição entre a era barroca e o período clássico. Pereira conta que seu trabalho foi norteado pela “simplicidade” do compositor, que confere ao mito um olhar humanizado:
— Busquei traduzir isso no trabalho com os cantores. Criar metáforas que o público do século 21 pudesse identificar e criar a empatia necessária para acompanhar a trajetória de Orfeu. Como artista, a arma de Orfeu para enfrentar as adversidades é a própria música.
Diretor artístico da Ospa, o maestro Evandro Matté explica que a renovação de Gluck pode ser ouvida nas linhas melódicas dos solistas e do coro:
— O coro é parte principal da ópera, juntamente com os solistas e o balé. Não há árias de grande complexidade musical, mas sim árias mais simples, que pretendem impressionar pela sua sensibilidade dramática. Música, poesia e dança estão conectadas.
ORFEU E EURÍDICE
Sábado (24), às 20h, e domingo (25), às 18h
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), em Porto Alegre.
Restam ingressos de R$ 60 a R$ 110, à venda no site teatrosaopedro.com.br e na bilheteria do teatro.
Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante.