Há mais ou menos um ano, quando estiveram pela primeira vez em Porto Alegre, Yotuel Romero, Ruzzo Medina e Roldán González – os rappers por trás dos Orishas – haviam recém se reunido após um hiato de sete anos e estavam prestes a lançar o disco que marcaria este retorno, Gourmet. Neste domingo, voltam à Capital para apresentar as faixas do álbum, lançado em maio de 2018.
Sucesso a partir do final da década de 1990 com músicas que uniam as rimas sociais do rap à latinidade de ritmos cubanos como rumba, son e guaguancó, os Orishas seguem, no novo disco, a receita de sucesso da origem. E dizem que lembram com carinho da apresentação na Capital:
– Foi incrível. O público de Porto Alegre foi genial, com uma vibração muito intensa, de quem se diverte com os ritmos que tocamos. Estar no Brasil é sempre um prazer, e nos sentimos muito sortudos. Acho que somos um dos poucos grupos latinos que funcionam no Brasil sem fazer uma música muito comercial. Vamos nos sentir em casa, como sempre – lembra Yotuel Romero, responsável por reunir os antigos membros em 2016.
À época, Yotuel voltou a Cuba – ele e os parceiros vivem em diferentes parte do mundo – com a ideia de formar uma nova banda. Procurou, procurou e percebeu que o que buscava era a sensação de tocar com os antigos parceiros. Conta que sentiram-se como se nunca tivessem se separado, mas penaram para chegar à sonoridade que agradasse a todos.
— O mais difícil sempre foi a comparação com nós mesmos. A cada disco, tentamos nos superar. Somos a nossa própria competição. E havia o medo de não encontrar de novo as canções que estremeceram o nosso coração e o do nosso público, de não fazer melhor do que as canções que ficaram na história.
Faixas do novo disco devem ser intercaladas com sucessos como Represent, do disco de estreia, A Lo Cubano (1999), e músicas dos álbuns seguintes, Emigrante (2002), El Kilo (2005) e Cosita Buena (2008). Entre aquela época e hoje, Yotuel avalia que a forma de divulgação e acesso à música foi uma das principais mudanças do mundo artístico.
– Começamos quando tudo era muito mais complicado. Agora, é muito mais fácil para qualquer pessoa que se considera artista. No nosso tempo, era difícil aparecer.
Distantes de Cuba em função do trabalho e, recentemente, por conta da turnê, os rappers não afastam os olhos da ilha e de suas particularidades sociopolíticas. Afinal, é desse tipo de tema que tratam seus principais sucessos.
– As coisas não mudaram, seguem dando voltas, de pouquinho em pouquinho. Ou não mudaram como nós, cubanos, esperamos. Mas temos esperança de que se está trabalhando e se está lutando para ter uma Cuba como sonhamos: próspera, em que os cubanos possam viver dignamente e encontrar o sonho cubano. Acho que essa seria a mensagem mais linda: encontrar o sonho cubano em Cuba, sem ter que ir buscar o sonho americano ou o sonho latino-americano. Essa seria a meta – imagina Yotuel.
Como poucos cubanos, o trio tem a oportunidade de conhecer a realidade de outros países – depois do Brasil, a turnê deve passar por outros lugares da América Latina e da Europa.
– A situação política está dura. Vejo a extrema-direita com dificuldade de lidar com os pobres, com os gays, com os negros, com as minorias. E vejo povos sendo divididos, quando temos que lutar por integridade, por inclusão.
Os governos colocam muitos freios ao que o mundo precisa e reprimem o que o povo espera – sentencia.
ORISHAS
Domingo, às 21h, no Opinião (Rua José do Patrocínio, 834), em Porto Alegre. Abertura da casa: 19h30min.
Ingressos a R$ 160 (solidário, com a entrega de 1kg de alimento não perecível na entrada do show) e R$ 200 (inteiro). Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante.
Ponto de venda sem taxa: Multisom do shopping Iguatemi. Pontos de venda com taxas: lojas Multisom do Shopping Praia de Belas, do BarraShoppingSul e da Rua dos Andradas, 1.001.
Venda online: site sympla.com.br.