A cantora Beth Carvalho morreu por volta das 17h30min desta terça-feira (30), aos 72 anos. A artista estava internada no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, no Rio de Janeiro, desde o dia 8 de janeiro deste ano. O hospital confirmou que a cantora foi vítima de uma infecção generalizada.
A equipe da cantora emitiu um comunicado oficial no fim da tarde informando a morte:
"Nossa querida Beth Carvalho partiu hoje, às 17h33min, cercada do amor de seus familiares e amigos. Agradecemos todas as manifestações de carinho e solidariedade nesse momento. Beth deixa um legado inestimável para a música popular brasileira e sempre será lembrada por sua luta pela cultura e pelo povo brasileiro. Seu talento nos presenteou com a revelação de inúmeros compositores e artistas que estão aí na estrada do sucesso. Começando com o sucesso arrebatador de Andança, até chegar a Marte com Coisinha do Pai, Beth traçou uma trajetória vitoriosa laureada por vários prêmios, inclusive um Grammy pelo conjunto da obra. Assim que possível, informaremos sobre o sepultamento."
Beth Carvalho enfrentava problemas na coluna que a atormentavam pelo menos desde 2007, quando a artista foi homenageada pela Mangueira e pediu para desfilar sentada no carro alegórico. A solicitação não foi atendida, mas no ano seguinte ela seria redimida ao participar do desfile em homenagem a Nelson Cavaquinho, quando foi à festa em cadeira de rodas. Em 2009, a sambista cancelou sua apresentação na virada do ano na Praia de Copacabana, no Rio, por conta das fortes dores. Três anos depois, em 2012, foi submetida a uma cirurgia na coluna. Em 2013, a escola de samba Acadêmicos do Tatuapé homenageou a história da artista no Carnaval de São Paulo, mas o desfile não contou com a participação dela devido aos problemas de saúde.
Beth faria um show neste fim de semana, no Vivo Rio, mas sua participação foi cancelada devido à internação. No hospital, chegou a receber amigos para uma roda de samba.
História
Elizabeth Santos Leal de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, em 5 de maio de 1946. Sua paixão pela música foi herdada da família: a avó tocava bandolim e violão e os pais a incentivavam desde cedo a ouvir nomes como Sílvio Caldas, Elizeth Cardoso e Aracy de Almeida.
Na adolescência, cantava bossa nova e dava aulas de violão para ajudar o pai, que foi perseguido durante a ditadura por sua postura de esquerda. Seu primeiro compacto foi gravado em 1965, com a canção Por Quem Morreu de Amor, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli.
Três anos depois, em 1968, apresentou a faixa Andança, de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi, no Festival Internacional da Canção. A canção é considerada seu primeiro grande sucesso. A seguir, eternizou outros sucessos em sua voz, como Vou Festejar, e Coisinha do Pai.
Na década de 1970, Beth gravou com Nelson Cavaquinho, na canção Folhas Secas, e Cartola, em As Rosas Não Falam. Ao longo dos anos, revelou outros artistas ligados ao Cacique, como Arlindo Cruz, Almir Guineto, Jorge Aragão e Zeca Pagodinho. Por sempre chamar a atenção para novos nomes do estilo, ganhou o apelido de Madrinha do Samba.
Em 1997, chegou onde nenhum sambista jamais conseguiu: o planeta Marte.
A interpretação de Beth para Coisinha do Pai foi utilizada pela NASA para “acordar” o robô Sojourner, que estava em missão no planeta vermelho.
A cantora é considerada um dos maiores nomes do samba, com mais de 50 anos de carreira. Na edição 2009 do Grammy Latino, em Las Vegas, Beth Carvalho foi homenageada como a primeira sambista a receber o prêmio Lifetime Achievement Awards, uma das nomeações mais importantes da música. Sua discografia é formada por 33 álbuns e quatro DVDs.