Se a vida lhe der um limão, faça mais do que uma limonada. No mínimo, uma caipirinha, mas por que não um mojito bem caprichado? O ditado adaptado pode resumir a trajetória musical de Duda Beat, cantora recifense que se apresenta pela primeira vez em Porto Alegre neste fim de semana, no palco do Agulha.
Radicada no Rio de Janeiro, Eduarda Bittencourt, nome de registro da artista de 31 anos, lançou em abril do ano passado o seu primeiro disco, Sinto Muito. O álbum mistura brega, pop, música latina e MPB, entre outras sonoridades, com letras marcadas por muitas dores de cotovelo, baseadas em fatos reais. A receita inusitada rendeu a Duda o título de Rainha da Sofrência do Pop. Ela aceita o rótulo de bom grado:
– Nem questiono. Não poderiam ter me definido melhor. É uma marca que eu adoro. E sofrência é o que mais tem no meu disco – entrega Duda.
A amargura que permeia o álbum já é percebida na primeira canção, Bédi Beat: “E eu vivia à flor da pele, nem percebia... / Visto que você nunca me ligou / Mas pergunta por aí como é que eu tô / De que tipo é o seu amor?”. Em Back to Bad, a cantora fala de uma paixão avassaladora que resultou em abandono: “Eu nunca fui tão humilhada nessa vida por você, meu amor / A vida toda eu quis me dar inteira / Mas você só queria a metade”. Já na balada Todo Carinho, ela se mostra desconfortável com uma ficada de uma noite só: “Beijei ontem à noite / Mas acordei sozinha / Difícil de falar dessas relações / Eu sou de outro tempo / Amor que é pra sempre”.
Foram anos de sofrimento por conta de rolos e vontades de namorar. Parte da cura veio em um retiro espiritual na área rural do Rio de Janeiro, no ano de 2015. Foi em meio àqueles momentos de reflexão que Duda decidiu perseguir o sonho de se tornar cantora, deixando para trás outros projetos, como estudar Medicina, motivo pelo qual se mudou para a capital fluminense no final da adolescência.
– Eu estava numa fase muito chorosa. Muito triste e melancólica. Foi muito transformador. Aprendi a ouvir o silêncio, a meditar e a entender que tudo na vida é passageiro – relembra a cantora. – Eu já queria muito ser artista, desde criança. E lá eu falei: “Preciso tomar as rédeas da minha vida, encarar, vamos sair daqui e fazer um disco”.
Duda, então, resolveu que se sentiria respeitada de novo, mas sem esquecer as feridas dos seus relacionamentos frustrados. Foram dois anos preparando Sinto Muito, álbum considerado pela crítica um dos melhores de 2018. Também no ano passado, a cantora foi premiada como Revelação da Música Popular pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Mas não é só isso. A artista tem conquistado muitos fãs, que abraçam sua forma de se entregar por amor e lotam os shows, cantando junto todas as canções de seu trabalho de estreia. Em Porto Alegre, não será diferente. As duas apresentações, no sábado (16) e no domingo (17), estão com ingressos esgotados.
– O que me deixa feliz é saber que as pessoas se identificam com o meu trabalho. Elas vêm no inbox e dizem que a minha música mudou a vida delas. Não tem nada que pague isso – derrete-se Duda.
DUDA BEAT
Sábado (16), às 22h, e domingo (17), às 20h
Agulha (Rua Conselheiro Camargo, 300, bairro São Geraldo)
Classificação: 16 anos
Ingressos: esgotados