Garantir espaço para as mulheres em cima do palco foi a proposta da primeira edição do Projeto Concha no ano passado. Foram 43 cantoras e instrumentistas que se apresentaram em 17 shows no bar Agulha (Rua Conselheiro Camargo, 300, bairro São Geraldo), entre elas promessas como a baiana Xênia França e a badalada Letrux. Para a edição de 2019, cujas inscrições já estão abertas e seguem até 14 de março, o objetivo seguirá igual, mas com algumas inovações: uma delas é dar a oportunidade para que mulheres já inseridas no cenário aprimorem sua performance musical.
A residência artística do Projeto Concha vai permitir que 15 mulheres que residem no Rio Grande do Sul recebam orientações de outros nomes femininos reconhecidos no meio artístico. Serão 16 encontros quinzenais ao longo deste ano, todos em Porto Alegre e gratuitos. Se, por um lado, elas terão uma oficina com Juçara Marçal, cantora da banda Metá Metá e ícone da cena independente da música no Brasil, também terão dicas sobre expressão corporal e até concepções de escrita com a poeta Angélica Freitas. Na maior parte dos dias, farão discussões sobre os próprios trabalhos. A condução do programa será da produtora e professora de música Isabel Nogueira.
– São mulheres que já têm seus trabalhos autorais, mas que desejam desenvolvê-los com pouco mais de afinco. Podem ser instrumentistas que queiram pesquisar novas linguagens, pode ser a concepção de um disco ou a composição – explica a produtora Alice Castiel Ruas, idealizadora do Projeto Concha.
Ocupando o palco e os bastidores
Para se inscrever, é necessário apresentar um proposta autoral e individual que a artista deseja aprimorar dentro da residência. O prazo se encerra no dia 14 de março e as inscrições devem ser feitas no link bit.ly/concharesidencia. Mulheres trans também podem se candidatar. A relação das candidatas selecionadas será divulgada no dia 25 de março de 2019.
Uma terceira investida do Concha, projetada para iniciar na metade do ano, será a preparação para que as mulheres ocupem não apenas os espaços criativos da cena cultural, mas também setores um pouco mais áridos, como o basckstage. Calejada com o ambiente hostil das produções, Alice quer que as mulheres estejam preparadas para funções técnicas, geralmente desempenhadas por homens, mesmo em shows de mulheres.
– Nos bastidores, é pior ainda. Os caras sempre partem do princípio de que tu não sabe nada – lamenta.
Serão seis wokshops que iniciam no segundo semestre deste ano: produção de palco, produção de eventos, oficinas de iluminação, sonorização de shows, fotografia e luteria. As oficinas serão gratuitas, com vagas reservas para mulheres de baixa renda. As inscrições para essas atividades ainda não foram abertas.