Quem não acompanha a cena rap do Estado talvez nunca tenha ouvido falar em Zudizilla. A carreira do músico natural de Pelotas merece, entretanto, um olhar mais atento, sobretudo pelos elogios que tem recebido de estrelas do centro do país:
– Este moleque tem que brilhar muito, o Brasil precisa da música deste mano. Fico emocionado com o potencial criativo dele – já declarou Emicida.
Neste ano, as chances para que Zudizilla estoure nacionalmente devem aumentar de modo considerável. O primeiro passo será dado na próxima sexta-feira (22), quando o músico lança o disco JazzKilla. Trata-se de um registro ao vivo de um show que ele fez há um ano em parceria com o Kiai Grupo, projeto instrumental formado na cidade de Rio Grande em 2014.
– São músicas minhas com roupagens, entradas e harmonias completamente diferentes. E também com o improviso da galera do Kiai Grupo. Tudo isso foi construído num dia inteiro, em que a gente se encerrou dentro do estúdio – explica Júlio Cesar Correa Farias, nome de registro de Zudizilla.
A apresentação, que mistura jazz e rap, como o nome sugere, poderá ser conferida nesta quarta-feira (20) à noite em Porto Alegre, no Agulha, e no próximo domingo em Rio Grande, no Casabarra Restobar.
JazzKilla é só um dos projetos de Zudizilla para este ano. Em abril, ele deve lançar seu terceiro disco, Zulu, o primeiro da trilogia de volumes que chama de Ópera Preta. Para finalizá-lo, o rapper se mudou, em março de 2018, para São Paulo, onde se encontram os principais nomes do gênero. Lá, o pelotense criado na Cohab Guabiroba, no bairro Fragata, conta com o suporte, entre outros, do DJ Nyack, parceiro de Emicida.
Influência de escritores brasileiros e de Spike Lee
Os apoios e elogios que Zudizilla tem conquistado são frutos do ótimo disco Faça a Coisa Certa, de 2016, segundo da carreira do rapper, inspirado no filme de Spike Lee de mesmo nome. Nas palavras do artista, o álbum é uma espécie de tese de mestrado – uma evolução em relação à mixtape independente #LUZ, de 2013.
– Com o Faça a Coisa Certa, me descobri enquanto ser humano, indivíduo e função social daquilo que faço. Foi um momento em que estava sem internet em casa, lendo muito Jorge Amado – lembra Zudizilla, que tem ainda como referências o escritor Lima Barreto e o grafiteiro norte-americano Jean-Michel Basquiat.
Sobre ter começado a fazer rap em Pelotas, no sul do Estado, o artista afirma que os temas tratados são os mesmos de quem faz música em grandes centros, mas a partir de outros pontos de vista:
– Daqui a gente fala pra cá. Estou cantando sobre a minha esquina, e várias outras esquinas passam por essa mesma parada, por relações parecidas, e aí rola essa identificação. E isso acaba se tornando plural.
ZUDIZILLA & KIAI
LANÇAMENTO DO disco JAZZKILLA
Agulha (Rua Conselheiro Camargo, 300 - Bairro São Geraldo, Porto Alegre)
Quarta (20), às 22h (bar abre às 19h)
Classificação: 16 anos
Ingressos: R$ 20 a R$ 60
Online: bit.ly/jazzillagulha