Ao reivindicar que eventos como o Rodeio Nacional de Porto Alegre valorizem os músicos gaúchos, o nativista Luiz Marenco levantou uma polêmica no meio musical. Em vídeo gravado nesta quarta-feira (23), o tradicionalista criticou a contratação de músicos sertanejos e pediu a intervenção do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que já se pronunciou dizendo que, apesar de não ser organizar o evento, costuma prestigiar nomes da música regional de raiz.
Os músicos Luiz Carlos Borges e Renato Borghetti foram convidados a dar sua opinião. Confira:
Luiz Carlos Borges
"Acredito tanto, tanto na intenção do Marenco para com a música regional gaúcha e com os artistas gaúchos que assino embaixo do que ele disse. Se o evento não tem nenhum músico gaúcho contratado, ou que sejam muito poucos os contratados, aí está feia a coisa. O desequilíbrio na balança tinha que ser em favor do músico gaúcho. Podia ter um roqueiro gaúcho - Nenhum de Nós, Humberto Gessinger, tantos outros -, qualquer músico de expressão gaúcha. Uma festa em que o dinheiro todo vai sair do bolso do gaúcho, por que não ficar entre os gaúchos esse dinheiro? Não gosto da resposta do Cléber Vieira (presidente da Federação Gaúcha do Laço disse que, em outras edições, shows de Luiz Marenco deram prejuízo ao evento). Concordo com ele quando ele diz que nossos nomes sozinhos talvez não dêem grande resultado de público. Tem que se buscar alternativa, uma maneira, talvez fazendo uma reunião com a gente. Como que o Ayrton dos Anjos (o produtor musical Patineti) consegue encher o Araújo Vianna? Ele junta os nomes gaúchos. Será que não passou pela cabeça do Cléber que o Luiz Marenco, Daniel Torres, Luis Carlos Borges, Elton Saldanha podem, de repente, criar uma expectativa interessante? Não tenho nada contra músicos sertanejos. Acho que tem que ter esse equilíbrio".
Renato Borghetti
"É importante todos se posicionarem, os artistas, o MTG — sem sombra de dúvidas. Ao mesmo tempo, como músico e colega, entendo que quem não tem culpa nessa parada toda é o músico. O músico está aí, fazendo seu trabalho. Até aí está tudo certo. Na época da tchê music, todo mundo dizia que não devia, e eu dizia: mas eles tocam a música que acham que devem tocar. Não tem problema nenhum. Cabe às pessoas escutarem ou não, contratarem ou não. A mesma coisa acho em relação a isso (à polêmica levantada por Luiz Marenco). Particularmente, não gosto da música que vai vir no Rodeio de Porto Alegre, assim como particularmente não gostava da tchê music. Mas daí a dizer para não tocar ou não fazer um show, é outro problema. Cabe aos que vão contratar ponderar isso aí. Eu acho que não é um palco ideal para esse tipo de música. Ao mesmo tempo, tenho certeza que deve ir bastante gente ao evento. Duvido muito que um show do Marenco dê prejuízo, com a qualidade que ele tem, com a história. A única coisa nessa polêmica que é inquestionável é a qualidade musical do sertanejo universitário, não o de raiz. A qualidade do sertanejo universitário é questionada no Brasil inteiro. Não vejo nenhum artista de qualidade falar bem do sertanejo universitário. Mas digo de novo: tem que analisar o lado do músico. Se eles querem tocar esse tipo de música, tem que respeitar essa opção. A coisa mais errada do mundo é dizer para o músico que ele não pode tocar ou que não pode tocar em algum lugar por causa disso ou daquilo. Existem outras formas."