Há exatos 11 anos, quando o mundo ainda discutia se os Strokes tinham salvado ou posto a pá de cal que faltava sobre o rock, dois universitários com pinta de nerd surgiram dos dormitórios de uma universidade do Connecticut com canções melodiosas, irônicas, pegajosas, com melodia pop e, principalmente, modernas. Músicas como Time to Pretend e Kids, que estavam no primeiro EP gravado por Andrew VanWyngarden (guitarrista, baixista, percussionista e principal vocalista da dupla) e Ben Goldwasser (tecladista, guitarrista e também vocalista) sob o nome de MGMT, ajudariam a moldar a sonoridade e a postura do pop rock a partir dali: mais sintetizadores, menos riffs de guitarra; menos autossuficiência arrogante, mais zombaria neohippie.
Nesta terça-feira (13), os hipsters porto-alegrenses de uma década atrás, que dançaram praticamente todas as faixas de Oracular Spectacular (2007), disco que fez a dupla norte-americana explodir mundialmente, vão ter a oportunidade de vê-los ao vivo pela primeira vez, em show marcado para as 21h no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685). A apresentação dos (já nem tão) guris na Capital só tem ingressos de plateia alta central à venda. Os outros setores estão esgotados.
Novo disco da dupla é retorno às raízes
Depois do disco de 2007, o MGMT teve dois lançamentos que, apesar de contarem com excelentes composições que mostram evolução na sonoridade da dupla, não tiveram o mesmo sucesso de crítica — e mesmo de recepção do público, o que fez com que Ben Goldwasser, a metade barbuda e de óculos da dupla, dissesse em entrevista ao site Tenho Mais Discos que Amigos que a banda chegou a “se sentir invisível” na década que se passou entre o disco de estreia e Little Dark Age, lançado no início de 2018.
— Não sei se foi um processo consciente, mas no passado inventamos mais. No novo disco, só queríamos focar na música e deixar o processo mais natural, não analisar demais. O foco estava em fazer músicas mais divertidas, acessíveis, concentrar mais na diversão — revelou o músico em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Não é à toa, portanto, que a primeira faixa do novo trabalho da banda, She Works Out Too Much, começa com a frase “get ready to have some fun” (“prepare-se para se divertir um pouco”). O clima também deve ser transportado para o show desta noite: de Little Dark Age, podem ser tocados os singles When You Die, balada pop com ares de The Byrds, Hand It Over, psicodelia calminha cheia de reverbs, e Me and Michael, faixa eletrônica dançantezinha que foi composta como “me and my girl” (“eu e minha garota”), mas teve a letra mudada para não ficar “tão chata”, como afirmou Goldwasser à revista Q.
Mas os fãs de 2007 não precisam se preocupar: é evidente que o grosso do setlist vem do álbum de maior sucesso da dupla. Hits como Kids, Time to Pretend, Electric Feel e Weekend Wars vêm sendo tocados nos shows mais recentes dos guris.
Little Dark Age foi todo escrito durante o processo de eleição de Donald Trump nos Estados Unidos — de acordo com a dupla, as músicas mais experimentais e densas foram compostas antes da eleição, enquanto as mais leves, dançantes e pop vieram depois que “o mal tomou conta do mundo”. Agora, a banda chega ao Brasil no ápice de um ambiente polarizado que a agenda política impregnou no país, algo parecido com o clima nos Estados Unidos durante a eleição de Trump. Coincidência ou não, o show deve ser muito dançante.
MGMT
Terça-feira (13), às 21h.
Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685)
Ingressos: R$ 140 (plateia alta central promocional, mediante doação de 1kg de alimento). Os ingressos para os outros setores estão esgotados. 50% de desconto para titular do Clube do Assinante ZH e acompanhante.
Pontos de venda: Teatro do Bourbon Country, campus 2 da Feevale ou pelo site uhuu.com (sem taxa) e no quiosque do Teatro Feevale no Bourbon Shopping NH (com taxa).