Correção: Fernando perdeu o controle do veículo depois de ser atingido por outro carro, e não em decorrência de um mal súbito, como publicado entre 21h2omin de 4 de novembro e 15h09min de 16 de novembro. O texto foi corrigido.
A música clássica gaúcha perdeu neste domingo (4) um dos seus mais profícuos compositores. Aos 54 anos, morreu o violonista Fernando Lewis de Mattos. Professor do Departamento de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fernando bateu o carro contra um poste depois de ser atingido por outro veículo. Ele voltava para casa após se apresentar na Feira do Livro de Porto Alegre. O professor era casado com a artista visual Maria Helena Bernardes.
Formado em Música na própria UFRGS, Fernando foi um dos entusiastas do projeto Prelúdio, programa de extensão do Instituto Federal do Rio Grande do Sul que ensinava música a crianças e jovens de comunidades. Em 1987, passou a dar aulas na UFRGS, onde concluiu mestrado e doutorado, ambos com dissertações sobre a produção de Luiz Cosme. Atualmente, ministrava as disciplinas de Harmonia e Análise.
– Ele era um dos professores mais queridos e admirados do Departamento de Música. Foi paraninfo de muitas turmas. Viveu uma vida dedicada à música - comentou o professor Celso Loureiro Chaves, que orientou a tese de doutorado de Fernando.
Violonista por formação, Fernando era exímio nos instrumentos de cordas, como alaúde e teorba. Aficionado por música antiga, tocou no Conjunto de Câmara de Porto Alegre e integrava grupos de música medieval e barroca – era com um deles, o Sphaera Mundi, que ele havia tocado pela manhã, na Feira do Livro.
Considerado o compositor que mais criou peças para flauta doce no Brasil, Fernando era acima de tudo versátil. Muito ativo na música contemporânea, tinha inúmeras obras compostas para os mais variados gêneros e formações instrumentais e vocais, inclusive gravadas no Brasil e no exterior. Também fazia trilha sonora para peças de teatro e para o cinema, como a do filme Concerto Campestre, de Henrique de Freitas Lima, incursionava pela música eletrônica e pela direção artística.
– Fernando era uma pessoa maravilhosa, um professor exemplar e um grande músico. Estou atônita com o que aconteceu – lamentou a professora Lucia Carpena, colega do compositor na UFRGS.