"Sendo gorda, magra e linda / Cacheada ou Monalisa / Preta, branca ou amarela / Eu sou uma maravilha", diz a letra de Aceita, primeiro single da cantora drag queen Bibi Ribeiro, lançado na última sexta-feira (1º). Em ritmo de funk, a música fala de amor próprio. O clipe da faixa será lançado no próximo sábado (9), a partir das 21h, no Workroom Bar (Lopo Gonçalves, 364).
Natural de Rio Grande, Bibi é Gabriel Ribeiro e tem 24 anos. Vive em Porto Alegre desde outubro de 2017. A drag integra o casting do Workroom e realiza apresentações na noite da Capital. Durante a semana, Gabriel também é professor de dança. Com inspirações de cantoras drags como Pabllo Vittar, Lia Clark, Gloria Groove e Kaya Conky, Bibi tomou gosto pela composição e pretende gravar mais faixas em ritmo de funk no final deste mês.
Em entrevista a GaúchaZH, Bibi falou sobre sua trajetória, inspirações e planos. Leia a seguir:
Quem é Bibi Ribeiro
– Bibi Ribeiro é uma drag que está começando uma nova fase. É cantora de funk, mas está trazendo uma outra pegada, uma letra com mais conteúdo, que traz uma mensagem de empoderamento e de confiança para quem está ouvindo. Ainda assim com uma batida boa, a qual as pessoas possam dançar na balada. É uma drag que já se apresenta na noite de Porto Alegre, faz performances artísticas no Workroom e em outras casas noturnas também.
Origem no Halloween
– Eu comecei no dia 31 de outubro de 2015, em um Halloween. Era uma festa à fantasia. Me montei como drag, mas com uma roupa de Flashdance (filme de 1983). Foi o caminho que encontrei para ninguém me olhar estranho em um primeiro momento. A partir daí, me apaixonei porque nesta noite muita gente não me reconhecia e pedia para tirar foto. Pensei "meu Deus do céu, quero fazer isso para sempre" (risos). Comecei a me montar mais vezes, a ir para as festas. Em fevereiro (pouco mais de três meses depois), teve uma festa em Rio Grande com a Inês Brasil, e era um amigo meu que produzia. Pedi para me apresentar, e ele me encaixou no line-up. Fiz minha primeira performance. Eu comecei e logo já estava performando.
Qual é o ritmo
– O funk é o meu ritmo, o meu foco. Eu quero que minha drag seja conhecida como cantora de funk. É o meu foco principal. Quero uma coisa que combine comigo, não quero me adequar ao que estiver vendendo ou dando certo, quero uma coisa que seja mais eu.
Inpirações
- O cenário drag do Brasil está em evidência. Hoje temos Pabllo Vittar, que abriu as portas para esse cenário e trouxe toda a visibilidade. É a drag queen mais seguida nas redes sociais, é uma grande inspiração, e ela que pode mostrar para todo mundo que drag é arte. Hoje todo mundo nos entende como artistas, não pelo lado marginalizado. As minhas influências são a Lia Clark e Kaya Conky, que são do funk. Também a Gloria Groove, de quem eu gosto muito da perfomance, ela dança muito. Como sou ligada à dança, a Gloria é super inspiração. Tem mulheres também que me inspiram, como Beyoncé e Rihanna.
Aceita
- É uma canção sobre amor próprio. É um hino de aceitação, uma música muito minha. Quando a escrevi, quis botar para fora tudo o que estava sentindo sobre a minha pessoa neste momento da vida. Sempre fui muito crítico comigo mesmo sobre meu corpo ou sobre me encaixar em um padrão. De um tempo para cá, venho me aceitando do jeito que sou. Então, pensei em botar isso para fora. Quero que as pessoas se identifiquem com isso. A principal ideia da música é passar essa mensagem para a pessoa se amar mais.
MPBTrans
- Foi um salto em curto prazo. Até ontem nós eramos marginalizadas. Achavam que trans, travestis e drags eram prostitutas, que viviam na noite. Hoje estamos sendo vistas como artistas: podemos atuar, cantar e escrever. É um movimento que além de talentoso e estar ganhando visibilidade agora, traz essa mensagem para a sociedade: parem de nos marginalizar, também somos arte. Esse movimento todo serviu de inspiração para eu começar a fazer isso também: cantar, produzir a minha música e transmitir uma mensagem para que a minha voz seja ouvida.
De Rio Grande para Porto Alegre
- Me apresentei em Porto Alegre em agosto do ano passado no Workroom. Quando voltei para minha cidade, eu pensei: preciso morar na Capital. Fui muito bem recebida, elogiaram muito a minha performance e vi uma janela ali. Era a hora de dar um passo a mais e sair da zona de conforto. Queria um desafio maior. Tudo aconteceu muito rápido: em outubro já estava morando aqui. Já estou super encaixada na noite de Porto Alegre. Tenho tido show nos finais de semana, faço parte do casting do Workroom. Me chamam para festas noturnas, eventos, aniversários. Consegui construir uma carreira em curto prazo.
Singles ou EP
- Vou esperar a repercussão do clipe para saber como isso vai ser recebido. Mas eu já descobri uma paixão, que é compor. Tenho me inspirado muito e já escrevi várias músicas. Estou vendo com a minha equipe se lanço singles de tempos em tempos, ou se a gente vai lançar um EP de quatro ou cinco faixas. A expectativa é gravar novas músicas no final deste mês.
Ouça Aceita: