Abrir o show de Paul McCartney em Porto Alegre turbinou a já agitada mente de Frank Jorge. A experiência de tocar minutos antes de um dos maiores ídolos, em 13 de outubro do ano passado, no Beira-Rio, foi a tal ponto empolgante que o músico gaúcho entrou em estúdio exatos oito dias depois.
Histórias Excêntricas ou Algum Tipo de Urgência, que estará disponível nas plataformas digitais a partir de sexta, mas já pode ser baixado no site do artista, não tem mais influência sonora do ex-beatle do que trabalhos anteriores de Frank (mesmo porque a relação sonora entre os dois baixistas canhotos, Frank e Paul, nunca foi um segredo), mas parte de uma empolgação trazida pelo contato mais próximo no ano passado.
– O show mexeu muito com a minha cabeça, e me fez pensar que eu precisava, no mínimo, ter mais registros da minha carreira. Localmente, nós, artistas, temos discografias muito reduzidas, e eu percebi que preciso de algo mais amplo – conta, já prevendo para o futuro um disco eletrônico, "algo entre Electric Light Orchestra e MGMT", e um álbum em espanhol:
– Já estou inquieto de novo.
Entre as 11 faixas de Histórias..., há composições que estavam guardas na gaveta, outras mais recentes e algumas feitas em estúdio, em diálogo com o produtor Thomas Dreher – "um gênio que é coautor de tudo que participa", resume Frank. A sonoridade passa por jovem guarda, soul, brega e rock dos anos 1960 e 1970, com letras que lidam com situações cotidianas e dilemas comezinhos.
Em grande parte do disco, é Frank quem toca todos os instrumentos, do baixo à bateria. Algo feito para agilizar o processo, diz, humildemente. Érico e Glória, filhos do músico, tocam guitarra e percussão, em um processo considerado natural por Frank – que conta ainda com a arte de Rafael, seu primogênito, no encarte do CD.
– Eles participam do processo, me veem compondo, já estão ali desde o início – explica.
O lançamento do álbum foi precedido pela apresentação de dois singles: Vida na Cidade (Allegro Ma Non Tanto), uma relação entre a vida de grandes compositores e a rotina nas grandes e individualistas metrópoles, divulgado em dezembro de 2017, e S.O.S. Maloca, balada estilo Let it Be cheia de guitarras que usa uma faxina em casa para falar sobre mudanças de pensamento, lançada em abril.
Ainda não há data para show de lançamento de Histórias Excêntricas ou Algum Tipo de Urgência, mas Frank Jorge garante que o segundo semestre deve ser dedicado à turnê do novo trabalho:
– Percebo que vivemos uma época em que as pessoas implicam muito com o pop, com Pabllo Vittar, Jojô Todynho, com o que não gostam. Acho que, ao me dedicar a fazer música pop sem a necessidade de alcançar milhões, mas sem raiva, consigo atingir muita gente.