O elogiadíssimo Maravilhas da Vida Moderna, primeiro disco da Dingo Bells, só foi sair em 2015, depois de quase 10 anos de parceria. Foi mais o resultado de uma pesquisa por toda a trajetória do trio que se conheceu no colégio, um compilado de tudo que os havia levado até ali.
Agora, não.
Disponível a partir desta quarta nas plataformas de streaming, Todo Mundo Vai Mudar é fruto de dois meses de imersão criativa em um estúdio na Zona Sul de Porto Alegre, onde Diogo Brochmann (guitarra e voz), Felipe Kautz (baixo e voz) e Rodrigo Fischmann (voz e bateria) ficaram isolados, com o guitarrista e arranjador Fabricio Gambogi (um quarto membro extraoficial do grupo) e criaram um disco que intensifica a identidade tropical, com influências de soul e música popular brasileira, e soma elementos de rock alternativo, música eletrônica, r'n'b e mesmo hip-hop.
– Foi um processo muito intenso. Começamos do zero, ficamos dois meses em um laboratório de escrita e composição. As músicas saíram de um mutirão coletivo entre os quatro, sentávamos em uma mesa e ficávamos o dia inteiro – conta o baixista Felipe Kautz.
Como é característico da banda, o disco é um mosaico de impressões melancólicas, porém otimistas, sobre temas atuais: Ser Incapaz de Ouvir é uma reflexão sobre a dificuldade de comunicação em um mundo intolerante; Tem Pra Quem fala sobre a pressa e a angústia da rotina agitada; Tudo Trocado é quase uma reinterpretação de Tô, clássico de Tom Zé que fala sobre contradições.
Há faixas que chamam a atenção do ouvinte com mais intimidade com o trabalho da Dingo Bells. Se os primeiros dois singles do disco, Todo Mundo Vai Mudar e Sinta-se em Casa, têm a personalidade já característica do grupo, músicas como Aos Domingos (Quando Eu Resolver) e Tem Pra Quem trazem barulhinhos eletrônicos, ambiências sombrias, sintetizadores e vocais que podem lembrar artistas como D'Angelo e Radiohead – para citar dois que serviram de inspiração explícita para a banda.
– Discutimos muito o que queríamos. É a primeira vez que lançamos um segundo disco – brinca Kautz, para resumir a proposta da Dingo Bells: – A ideia foi intensificar o que achamos que são nossas características a ponto de saturar. Tentamos ser mais estranhos, mais pop, mais brasileiros, mais groove.
No dia 20 de abril, a banda lança o álbum em São Paulo. O lançamento em Porto Alegre está marcado para 3 de maio, no Theatro São Pedro.