Um porco gigante sobrevoa a plateia com a cara de Donald Trump estampada e vários impropérios escritos. A imagem icônica do Pink Floyd também vem sendo o emblema da nova turnê de Roger Waters, que chega a Porto Alegre em 30 de outubro de 2018: os shows de Us + Them são uma coordenação milimétrica entre música e ativismo.
O nome faz referência a um clássico de Dark Side of The Moon, a faixa Us and Them ("nós e eles"). Nesta sexta-feira (8), Waters explicou, em uma rodada de entrevistas com a imprensa em São Paulo, quem são "nós", quem são "eles", e por que quer reuni-los.
— A ideia é que "nós" somos todos os humanos. Precisamos nos ver como uma espécie cuja tarefa principal é aprender a colaborar. É muito importante a ideia de que somos irmãos e temos que cuidar uns dos outros — afirma.
E "eles"? Bom: é falando deles que Waters, 74 anos e recém saído de algumas semanas de férias em Trancoso (BA) se empolga, bate na mesa, fala palavrões.
— Trump e seu governo estão dedicados a acelerar o processo de destruir o planeta. Seja pela guerra nuclear, seja por ignorar o processo óbvio de mudanças climáticas. Essa turnê também é sobre isso, apontar quem são esse malditos idiotas que não dão bola nenhuma à vida humana — dispara, mirando no presidente dos Estados Unidos, que, na quarta-feira, causou revolta no Oriente Médio ao reconhecer Jerusalém como capital israelense.
Quem estranha ver tanto ativismo no relato de uma conversa com um dos maiores ícones do rock da história deve saber o seguinte. Pouco antes de Waters chegar à sala onde os repórteres o aguardavam, um membro de sua assessoria transmitiu um pedido seu: o ex-baixista do Pink Floyd gostaria de falar basicamente de música, não de política. Waters vem de uma polêmica recente com o cantor australiano Nick Cave, que se negou a aderir ao boicote cultural a Israel. Mas, logo na primeira questão, mostrou o que seu disco mais recente - Is This the Life We Really Want? (2017) - já havia deixado claro: música e política hoje são indissociáveis para Waters.
Não que o novo show de Waters seja um comício. Se forem tomadas por base as primeiras duas dezenas de apresentações, nos EUA e no Canadá, só 20% do repertório vem do álbum mais recente. Os outros 80% são músicas dos discos do Pink Floyd que mais venderam: Animals, Wish You Were Here, The Wall e Dark Side of The Moon. Os clássicos.
Do último, por sinal, vem novamente a dimensão política em Money, que ganhou referências a Trump, Putin e, para a turnê no ano que vem, políticos europeus como a primeira-ministra britânica, Theresa May, e o presidente francês, Emmanuel Macron. A referência a Time, outra faixa do disco, vem em uma longa resposta sobre como as duas pontas da carreira se conectam: a noção de que nossa compreensão da história é restrita ao tempo de nossas vidas.
— Não tenho a ilusão de que as coisas mudem em 20 anos — resigna-se.
E, seguindo um longo raciocínio, cita outro clássico, Eclipse, que encerra Dark Side of The Moon:
— A vida é tudo o que você toca, tudo o que você vê, tudo o que você experimenta, tudo o que sente. Você não tem o dia de volta, não recupera o que perde com prioridades erradas.
O equilíbrio entre o existencial e o político volta quando um dos repórteres informa que, no Brasil, torcidas de futebol usam o refrão de Another Brick in the Wall (Part2) para xingar as outras ou ao juiz - “hey, fulano, vá tomar no c...” - e que, em algumas ocasiões, foi adaptado para o presidente Michel Temer em eventos públicos.
— Fantástico! — disse o roqueiro, que, para um grupo anterior, havia perguntado se deveria colocar Temer estampado no porco gigante que hoje abriga Trump.
Provável set list com base no show em Vancouver, no Canadá, em outubro
Speak to me (gravação)
- Breathe
- One of These Days
- Time
- Breathe (reprise)
- The Great Gig in The Sky
- Welcome to the Machine
- Déjà Vu
- The Last Refugee
- Picture That
- Wish You Were Here
- The Happiest Days of Our Lives
- Another Brick in The Wall Part 2
- Another Brick in The Wall Part 3
- Dogs
- Pigs (Three Different Ones)
- Money
- Us and Them
- Smell the Roses
- Brain Damage
- Eclipse
- Wait for Her
- Oceans Apart
- Part of Me Died
- Comfortably Numb
Roger Waters em Porto Alegre
- 30 de outubro de 2018, às 21h
- Estádio Beira-Rio (Padre Cacique, 891)
- Ingressos a R$ 250 (cadeira superior), R$ 360 (pista), R$ 500 (cadeira inferior), R$ 540 (sky box ou cadeira premium) e R$ 765 (pista premium Elo).
- Meia-entrada: obrigatória a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição de beneficiário: no ato da compra e entrada do evento (para compras na bilheteria oficial e pontos de venda físicos) / na entrada do evento (para compras via internet).
- Será possível comprar até 6 ingressos por CPF.
BILHETERIA OFICIAL – SEM TAXA DE CONVENIÊNCIA
Bilheteria Sunset – Estádio Beiro Rio – Ao lado do Edifício Garagem
Acesso pela Av Edvaldo Pereira Paiva, acesso direto pelo estacionamento.
Domingo: Fechado.
Segunda-feira a sábado: das 10h00 às 18h00.
Excepcionalmente fechado entre os dias 22/12 à 01/01/2018.
LOCAIS DE VENDA – COM TAXA DE CONVENIÊNCIA
Pela Internet: www.ticketsforfun.com.br
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No Brasil, além de Porto Alegre, Roger Waters fará mais seis apresentações:
SÃO PAULO – 09/10 – ALLIANZ PARQUE
BRASÍLIA – 13/10 – ESTÁDIO MANÉ GARRINCHA
SALVADOR – 17/10 – ARENA FONTE NOVA
BELO HORIZONTE – 21/10 – ESTÁDIO DO MINEIRÃO
RIO DE JANEIRO – 24/10 – ESTÁDIO DO MARACANÃ
CURITIBA – 27/10 – ESTÁDIO COUTO PEREIRA