A noite desta terça-feira (24), em Porto Alegre, teve música de qualidade inquestionável. Em seu quarto show no Brasil neste ano, o músico americano John Mayer subiu ao palco cerca de 10 minutos depois das 21h. Com ingressos disponíveis até o último dia, a apresentação passou longe dos engarrafamentos quilométricos ou de áreas lotadas. Na pista, por exemplo, era possível deslocar-se da entrada até a lateral da grade sem muito trabalho — bastava desviar de alguns casais apaixonados que já se posicionavam abraçados mesmo antes do apagar das luzes.
Quando a banda e o cantor entraram no palco, pode-se ouvir os primeiros acordes de Helpless, terceira faixa do álbum The Search for Everything, que dá nome à turnê. Em um movimento que pareceu coordenado, milhares de pessoas que estavam sentadas em suas cadeiras (inferiores e superiores) levantaram-se e estabeleceram a posição em que ficariam pelas próximas duas horas.
Com uma sequência de músicas muito semelhante ao show realizado no Allianz Parque, em São Paulo, na quarta-feira (18), o show seguiu com Moving On and Getting Over. Foi apenas depois da segunda música que o cantor interagiu com o público, desejando “good evening, Porto Alegre” (Boa noite, Porto Alegre) e agradecendo em português: “obrigada”, ou melhor, “brigada” repetiu explicando que já está íntimo das gírias.
Apesar da qualidade incontestável do cantor (como compositor e guitarrista, principalmente), dos músicos e do som, a presença de palco de John deixou a desejar. Com falas decoradas de outras apresentações, o show se transformou aos poucos em uma apresentação de DVD — daqueles que você coloca em casa enquanto arruma a bagunça.
Da entrada discreta ao fim do primeiro capítulo, John e a banda apresentaram faixas como Who Says, I Don't Trust Myself e Why Georgia — que ganhou destaque por ser a primeira a empolgar de fato o público presente. O segundo capítulo, de nome Acoustic, trouxe de cara o hit mais badalado do álbum Room for Squares, de 2000: Your Body is a Wonderland. Em seguida, Emoji of a Wave fez o público se empolgar com a sequência de músicas famosas, que continuaria com In Your Athmosphere — música que ganhou um dos poucos coros ouvidos na noite. Fim do segundo ato.
No terceiro, e talvez o mais bonito momento, John apresenta JM3, o trio formado por ele, pelo baixista Pino Palladino e pelo baterista Steve Jordan, que acompanha o cantor em diversas outras faixas como backing vocal. Neste momento, o destaque vai para Everyday I Have the Blues e Vultures, que estavam na ponta da língua dos mais fãs.
Para o quarto e último ato, John se disse “muito feliz" e agradeceu à banda que o acompanha. Repleto de baladinhas, o bloco que seria o último antes do bis teve músicas como Stop this Train e Slow Dancing in a Burning Room, do álbum Continuum, de 2006. Com direito a um mar de flashes de celular, o cantor reverenciou o público e finalizou o capítulo com Dear Marie, faixa do Paradise Valley, disco lançado em 2012.
Sem precisar pedir, o público teve cantor e banda de volta poucos minutos após a saída. Para iniciar o último capítulo, Waiting On the World to Change, do álbum Continuum. Se em duas horas John Mayer não surpreendeu o público, sua backing vocal o fez com categoria. Em Gravity, última música da apresentação, ela deu um show de afinação e fôlego, levando a mais alta ovacionada da noite.