Poucos heróis geram tanta comoção quando se tem um novo filme anunciado quanto o Batman. Quando Michael Keaton foi escolhido para viver o personagem, ainda nos anos 1980, a Warner Bros. recebeu pilhas de cartas protestando contra. Corta para 2019 e outra rebelião dos fãs ocorreu, desta vez nas redes sociais, quando Robert Pattinson foi escalado para vestir o manto. Isto reflete a idolatria que o Homem-Morcego tem junto ao público — os batmaníacos não querem ver o Cavaleiro das Trevas sendo mal representado nas telonas, apesar de frequentemente errarem nas reclamações.
— O Batman tem um superpoder, que é a "bilionaridade", mas, fora isso, ele não foi picado por aranha radioativa, não é um mutante, não é um extraterrestre que caiu na Terra. Ele é só um cara que teve tempo e condições para treinar o corpo e a mente para combater o crime. Existe, então, a fantasia de que qualquer um poderia ser o Batman. E essa identificação faz com que as pessoas se sintam mais donas do personagem — explica Ticiano Osório, colunista de cinema do Grupo RBS.
Também batmaníaco, mas não destes que protestam pelas escolhas de elenco, Ticiano já se fantasiava como o herói na infância e mergulhava nos gibis. Com o passar dos anos, a admiração pelo personagem foi sendo alimentada pelos filmes e acabou se transformando em livro, O Morcego e a Luz – 80 Anos de Batman no Cinema (editora BesouroBox). Na obra, o jornalista traça uma retrospectiva sobre o Homem-Morcego desde a sua primeira aparição nas telas, em 1943, até agora.
— Os textos mostram a visão que cada diretor imprimiu ao trazer o Homem-Morcego à luz dos estúdios cinematográficos, recuperam o contexto da época de produção desses filmes, apontam desafios, conquistas e tropeços. A história do Batman no cinema ilustra muito bem como o personagem é extremamente vivo e complexo: está sempre em transformação e pode provocar interpretações opostas — detalha.
A ideia da publicação se deu enquanto o autor preparava um curso sobre o personagem, As Várias Faces do Morcego, ministrado em junho último. A partir do material, o colunista se deu conta que o Batman estava completando oito décadas desde a sua primeira projeção cinematográfica — que ocorreu com a cinessérie do personagem. Desde então, 14 diretores comandaram as aventuras do Cruzado Encapuzado e 11 atores o interpretaram — incluindo dubladores.
É um dos heróis mais adaptados para o cinema e, neste ano, ganhou vida com algumas representações em The Flash, tendo o semi-protagonismo de Michael Keaton. O filme foi um fracasso, mas serviu para os fãs terem este encontro comemorativo com o Homem-Morcego.
A luz
Segundo Ticiano, o Batman sempre esteve ligado ao cinema, com inspiração em filmes como The Bat Whispers (1930) e A Marca do Zorro (1920). Já o Coringa bebe na fonte de O Homem que Ri (1928), obra oriunda do Expressionismo Alemão — movimento que guiou bastante os artistas que trabalharam com o Homem-Morcego nos quadrinhos, principalmente no que diz respeito às sombras.
— E dentro do universo do Batman também ocorre rapidamente esta ligação, porque a família Wayne havia ido ao cinema assistir ao filme do Zorro na fatídica noite do assassinato — enfatiza Ticiano.
A atração do herói pela telona foi quase imediata, tanto que, apenas quatro anos depois de Bob Kane e Bill Finger terem criado o Homem-Morcego nos gibis, veio a cinessérie que, hoje, Ticiano conta que serve como material arqueológico, uma vez que não funciona tão bem. No cinema, as melhores entregas do personagem para o jornalista vieram de Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), que teve o melhor dos vilões — o Coringa de Heath Leadger —, de Batman (2022), com o melhor protagonista — Robert Pattinson — e LEGO Batman (2017), que foi o melhor filme — mesclando a sátira com a desconstrução do herói.
O livro de Ticiano conta com 70% de textos inéditos e 30% de revisitas às colunas publicadas ao longo dos anos em Zero Hora — a sua primeira crítica sobre um filme do herói foi em Batman e Robin (1997), longa que ele desgosta e que afundou o Homem-Morcego nos cinemas por anos. Entretanto, a produção seguinte do Cruzado Encapuzado trouxe uma luminosa redenção para o personagem e uma conexão com o colunista do Grupo RBS.
— A minha realização com o Batman no cinema veio com o Batman Begins, em 2005, quando Christopher Nolan deu início à sua trilogia. E o mais legal é que tive o prazer de escrever sobre estreia do filme no Segundo Caderno. Ter associado o meu nome ao Batman, no jornal, me deu um grande prazer — confessa o batmaníaco que, agora, entrega um livro inteiro sobre o Homem-Morcego.
A sessão de autógrafos de O Morcego e a Luz – 80 Anos de Batman no Cinema ocorre nesta segunda-feira (9), a partir das 19h, no cinema GNC do Shopping Iguatemi (Avenida João Wallig, 1.800 - Passo d'Areia), na Capital. Um outro encontro com o autor ocorrerá em 12 de novembro, na Feira do Livro de Porto Alegre. Nas duas ocasiões, haverá exemplares da obra para venda.
O Morcego e a Luz - 80 Anos de Batman no Cinema
- Autor: Ticiano Osório
- Valor sugerido: R$ 54,90
- Páginas: 136
- Editora: BesouroBox
- Pontos de venda: no site da editora, em livrarias digitais e em lojas físicas.