Até 15 de novembro, a 69ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre movimenta a Praça da Alfândega, no Centro Histórico. Para celebrar a tradicional celebração da literatura da Capital, GZH publica a série Feira da Minha Vida, na qual convida personalidades que contribuem para a cultura do Rio Grande do Sul a compartilhar lembranças de edições do evento que marcaram suas histórias.
Escritora e roteirista, a porto-alegrense Leticia Wierzchowski, 51 anos, consagrou-se por seus romances — sua obra mais conhecida é A Casa das Sete Mulheres (2002), que foi adaptada para o formato de minissérie pela TV Globo em 2003. É autora de 24 livros, incluindo Sal (2013) e seu mais recente lançamento, Amanhã Será Um Dia Melhor (2022), além de 10 livros infantis.
Leticia lembra que a feira esteve presente em diferentes momentos de sua vida:
— A Feira do Livro de Porto Alegre se costura na minha vida desde a infância, quando meu pai me levava a comprar livros na praça. Era uma festa, porque a gente não tinha muitos livros na minha família… Eu fui a leitora seminal da nossa casa e acabei introduzindo a literatura na vida de todos lá, de um modo ou outro. Lembro ainda daqueles domingos tão antigos, e o pai trazendo minha sacola de livros, que deveria durar por muitos meses, mas eu engolia com avidez em poucas semanas.
Depois, de leitora, passou a escritora.
— Um dia me vi lá, autografando minhas histórias, desfiando sonhos que iriam costurar a vida de outros leitores como eu fora um dia… A feira para mim é uma esquina encravada no limite entre o passado e o futuro — ambos construídos e influenciados por vozes de infinitos narradores que nos acolhem, nos impulsionam e nos fazem ser o outro, necessidade fundamental na experiência de uma vida, principalmente em sociedade. A Praça da Alfândega me viu menina, com a cabeça cheia de ideias e maravilhamentos, e um dia verá meus netos por lá também… Ela mora numa primavera eterna em mim — ressalta.