Com uma programação com 1.001 atividades em 18 dias, entre bate-papos, palestras, saraus, oficinas e sessões de autógrafos, a 68ª Feira do Livro de Porto Alegre contará com premiados autores gaúchos de diferentes gerações nesta quarta (2) e quinta-feira (3). Carlos Nejar, Clara Corleone, o paulista radicado no Rio Grande do Sul Daniel Galera, Samir Machado de Machado e Tobias Carvalho marcam presença no evento, participando de debate e sessões de autógrafos.
Quarta-feira
Os leitores que decidirem aproveitar o feriado desta quarta-feira para passear pela festa do livro poderão conferir uma mesa-redonda com Daniel Galera (O Deus das Avencas), Samir Machado de Machado (Homens Cordiais e Tupinilândia) e Tobias Carvalho (Visão Noturna), que participam do painel Pensando o Brasil no Passado, Presente e Futuro, às 18h, no Auditório Barbosa Lessa do Espaço Força e Luz (Rua dos Andradas, 1.223).
O tema será o ponto de partida para a conversa entre os autores, com base em suas obras, que fazem uso de distintas temporalidades (a obra de Galera aborda um passado recente e o futuro, Samir se aventura pela ficção histórica e Carvalho apresenta uma escrita contemporânea) e se passam no país. Com entrada franca, a atividade terá mediação de Nanni Rios. Às 19h, os autores autografam os livros na Praça de Autógrafos Gerdau (no meio da Praça da Alfândega).
Para Galera, o debate é uma oportunidade de estabelecer uma ponte entre a ficção da escrita e a realidade do Brasil. Ele acredita que, inevitavelmente, a discussão tocará em pontos como política, com a eleição de 2022 ainda repercutindo.
O autor defende ainda que os eventos literários servem justamente para debater a literatura, encontrar autores com distintas perspectivas, de gerações diferentes (como é o caso dos participantes do debate), além de leitores, e trazer os livros para uma discussão com o contexto social atual.
— O texto não muda, mas acho que, no momento da leitura, ele sempre dialoga com o que está na experiência do leitor naquele momento. Então, essa é uma forma de atualizar um pouco também o significado das obras literárias com uma espécie de mediação do próprio autor junto ao público — complementa.
Galera também considera especial esta edição da Feira por voltar a ocorrer após dois anos de pandemia, permitindo um reencontro com o público. Além de ser um de seus primeiros eventos presenciais após o distanciamento social, o escritor, inclusive, autografará pela primeira vez seu livro mais recente, escrito e publicado em 2021, durante a crise sanitária. Para ele, será um prazer reencontrar os leitores e conversar com os outros autores, que descreve como pessoas "incríveis".
Quinta-feira
Já na quinta-feira, a grande estrela desta edição da Feira, o imortal da Academia Brasileira de Letras Carlos Nejar, autografa quatro livros na Praça de Autógrafos Gerdau, às 18h: Crônicas de um Imortal ou (In)vento para Não Chorar, seu primeiro livro de crônicas; A República do Pampa, que reúne obras sobre o Rio Grande do Sul; Senhora Nuvem, união de ficção, ensaio e poesia; e Velâmpagos, Seguido de Luminúrias, um livro de poemas.
O patrono deste ano afirma que as expectativas para encontrar seus leitores e autografar as obras são as melhores:
— É o meu encontro com o livro e o povo do Rio Grande do Sul. E a Feira aqui está florescendo. Estamos junto com o livro. Eu me sinto em uma primavera... É importante esse encontro do povo com o livro.
Às 19h, uma representante da nova geração, Clara Corleone, leva o poder feminino à Praça de Autógrafos Gerdau, assinando, também pela primeira vez, sua mais recente obra, Predadores, lançada no início de outubro. O segundo romance da autora traz novamente para o centro da narrativa a amizade entre mulheres, que tentam aproveitar a juventude em meio ao medo de estar à mercê dos homens e a ataques de um maníaco em Porto Alegre.
Em 2021, quando lançou Porque Era Ela, Porque Era Eu, autografou por uma hora e meia, sem parar. A fila foi uma das sete maiores do evento, conforme os organizadores.
— Foi uma coisa muito emocionante, porque eu estava ali com grandes nomes: Martha Medeiros, José Falero, Jeferson Tenório... Houve filas imensas, e eu também consegui. É uma superalegria, mas que causa agora um nervosismo, de vontade de fazer bonito também nesta oportunidade. Então eu estou ansiosa e feliz — confessa Clara.
Na visão da autora, Porto Alegre vive um momento "gostoso", de convergência entre a Feira do Livro e a Bienal do Mercosul.
— Ficamos superorgulhosos da nossa cidade neste momento de dois grandes eventos — destaca Clara, cuja história se entrelaça à da Feira desde menina. — Sempre fico muito contente, desde a primeira vez em que autografei, e agora é sempre muita emoção. Acho que nunca vou me acostumar.
Visite a Feira
A Feira do Livro se estende até 15 de novembro, com o tema Uma Boa Festa Tem História, em alusão aos 250 anos da cidade. Depois de dois anos com programação online ou híbrida, devido à pandemia, o evento volta ao seu formato presencial. As bancas da área infantil e juvenil funcionam das 10h às 20h, e da área geral, das 12h30min às 20h. Todas as atrações são gratuitas.