Não são muitos os escritores que, frente a um grande sucesso, conseguem deixar seus personagens em paz. Arthur Conan Doyle chegou a trazer Sherlock Holmes dos mortos após tentar se desfazer do detetive em O Problema Final. E, há apenas alguns meses, os fãs de Jogos Vorazes foram brindados por Suzanne Collins com mais uma história em Panem.
Assim, não é exatamente surpreendente que a americana Stephenie Meyer, 46 anos, retorne ao universo de Crepúsculo, depois de 12 anos, com O Sol da Meia-Noite (Editora Intrínseca, 736 páginas, R$ 59,90). O novo livro, com lançamento mundial nesta terça-feira (4), pretende iluminar o romance entre Bella e Edward a partir do ponto de vista do vampiro.
Parte de uma família de "vampiros vegetarianos" — dispostos a se alimentar do sangue de animais, para não prejudicar os humanos —, Edward Cullen já viveu mais de um século quando conhece Bella Swan na improvável e pequena cidade de Forks, no estado de Washington, EUA. Tímida e levemente desastrada, ela chamou a atenção do imortal porque, apesar dele ter o poder de ler mentes, a dela é impenetrável.
Mesmo que tecnicamente um monstro, Edward é convenientemente lindo, irresistível e rico. De forma que é um passo até que Bella também seja atraída por ele. E daí para uma grande história de amor, cheia de dramas dignos de uma tragédia, é rápido, como os fãs de Crepúsculo bem sabem.
A ideia de trazer o ponto de vista de Edward poderia até parecer uma ideia roubada de Grey: Cinquenta Tons de Cinza pelos Olhos de Christian, de E. L. James (uma fã assumida do trabalho de Meyer), não fosse o fato do quinto livro ser um projeto antigo e envolvido em algum drama para a escritora. Em meio ao frenesi com Crepúsculo na última década, em 2008, alguns capítulos do Sol da Meia-Noite vazaram na internet. Foi o suficiente para ela abandonar o projeto, afirmando estar muito triste com o acontecido.
Foi apenas em maio deste ano que ela revelou que não apenas tinha voltado a trabalhar no livro, mas que ele chegaria às livrarias em agosto. "Eu realmente pensei em adiar o lançamento até que o mundo voltasse ao normal. No entanto, 1) quem sabe quando isso será? e 2) vocês esperaram o suficiente. Muito mais tempo do que o suficiente, na verdade", escreveu Stephenie em seu site. A autora explicou que o novo exemplar é consideravelmente mais longo que a versão de Bella porque Edward "pensa demais sobre tudo".
Versão brasileira
Pouco depois do anúncio oficial, a Editora Intrínseca revelou que o lançamento no Brasil seria sincronizado ao dos Estados Unidos. Como a editora Suelen Lopes contou no blog da Intrínseca, a publicação simultânea gerou uma grande correria por aqui. Desde o recebimento do manuscrito a ser traduzido até o fechamento do livro, foram cerca de 45 dias — e tudo isso em meio à pandemia e às regras de distanciamento social.
O esforço, no entanto, parece justo. Os quatro livros da saga original já venderam mais de 100 milhões de cópias no mundo todo, enquanto os filmes tiveram uma bilheteria de mais de US$ 3,3 bilhões. E mesmo que muitos fãs já tenham mudado muito desde que foram conquistados pela série, a escritora espera seduzi-los outra vez, nem que seja pela nostalgia:
"Completar O Sol da Meia-Noite me trouxe de volta aqueles primeiros dias de Crepúsculo, quando eu conheci muitos de vocês. Nós nos divertimos muito, não é? Dançando em bailes e passeando em quartos de hotel e lendo na praia [...]. Espero que, voltando ao início da história de Bella e Edward, vocês se lembrem de toda essa diversão também."
No Brasil, a Intrínseca publicou a saga original sobre vampiros (Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer); a graphic novel, em dois volumes; o livro spin-off A Breve Segunda Vida de Bree Tanner; o guia ilustrado da série; e a edição comemorativa de Crepúsculo com Vida e Morte, nova versão em que autora inverte o gênero dos principais personagens. Fora do universo vampiresco, também foram publicados A Hospedeira e A Química.
"O Sol da Meia-Noite"
De Stephenie Meyer; tradução de Maria Silva
Editora Intrínseca, 736 páginas, R$ 59,90