O escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, 83 anos, não poupa críticas a Jair Bolsonaro. Em entrevista publicada nesta sexta-feira (7) pela revista Valor Econômico, ele afirmou que o capitão nem é um presidente, em sua visão, ao ser questionado qual era o melhor e o pior governante da história do país aos olhos de um cronista brasileiro:
— O pior foi Jânio Quadros, o Breve, cuja loucura nos legou tudo isso que continua aí. Os generais da ditadura também foram lamentáveis. E agora temos o capitão Bolsonaro, que não é um presidente, é um cataclismo.
Mais a frente na entrevista, que girava em torno do lançamento de Verissimo Antológico – Meio Século de Crônicas (ou Coisa Parecida), o cronista foi questionado sobre como uma de suas personagens, a Velhinha de Taubaté, estava encarando a pandemia. Foi o momento de mais uma alfinetada ao governo:
— A Velhinha de Taubaté acredita piamente no ministro da Saúde do Brasil, seja ele quem for.
Não é a primeira vez que ele expõe sua visão contrária a Bolsonaro. Ainda em janeiro, em entrevista a Folha, ele afirmou que o Analista de Bagé, um de seus personagens mais famosos, receberia o político "com um joelhaço, para inveja de muita gente".
Ao ser questionado, então, se o analista teria um tratamento específico para os problemas que Verissimo vê no atual governo, o escritor não titubiou:
— Teria, mas envolveria tratamento com águas, lobotomias e talvez uma nova eleição. Séria, desta vez.
Sobre o fascínio que esse assunto segue exercendo sobre a população, concluiu:
— A eleição de um candidato improvável como o Bolsonaro energizou o meio político. Parafraseando o que disse aquele irmão Karamázov do Dostoiévski sobre a ausência de Deus, se um Bolsonaro chegou à Presidência do Brasil, tudo é permitido.