A editora Hachette Book Group, uma das maiores dos Estados Unidos, anunciou nesta sexta-feira (6), em comunicado à imprensa americana, que não publicará o livro de memórias de Woody Allen, Apropos of Nothing (A propósito de nada, em tradução livre).
"Nos últimos dias, a chefia da HBG teve extensas conversas com nossa equipe e outras pessoas. Depois de ouvir, chegamos à conclusão de que avançar com a publicação não seria viável para a HBG", diz o comunicado.
Os direitos do livro retornarão a Allen como resultado. Segundo a editora, a publicação é "um relato exaustivo da vida de Woody Allen, pessoal e profissional".
Na quinta-feira (5), funcionários em protesto exigiam que a publicação da autobiografia fosse cancelada e que a editora fizesse um pedido público de desculpas.
O grupo havia revelado que publicaria o livro na segunda (2). A decisão gerou diversas críticas por conta das acusações de abuso sexual feitas contra Allen por sua filha Dylan Farrow, que disse ter sido molestada pelo cineasta aos sete anos de idade.
O jornalista Ronan Farrow, autor do best-seller Operação Abafa, disse na terça-feira (3) que romperia sua relação com a editora Hachette Book Group, com a qual mantém contrato, depois que esta anunciou que uma de suas divisões publicaria a autobiografia.
— Isto demonstra a falta de ética e de compaixão pelas vítimas de agressões sexuais — disse ele.
Dylan Farrow usou as redes sociais para se manifestar contra a publicação do livro. "É profundamente frustrante para mim e uma grande traição da reportagem corajosa do meu irmão, capitalizada pela Hachette, que deu voz a numerosos sobreviventes de assédio sexual de homens poderosos. Para registro, eu nunca fui contatada por nenhum verificador de informação dessas 'memórias', demonstrando a grande abdicação da responsabilidade mais básica da Hachette", escreveu.
Esta não é o primeiro projeto do diretor que foi cancelado. Desde que o caso envolvendo sua filha veio à tona, Allen perdeu um contrato estimado em US$ 68 milhões com a Amazon, responsável pela distribuição de seus filmes. Seu longa mais recente, Um Dia de Chuva em Nova York, não foi lançado nos EUA.