A escritora polonesa Olga Tokarczuk venceu o prêmio Nobel de Literatura de 2018 e o romancista austríaco Peter Handke foi laureado com o Nobel de 2019, anunciou a Academia Sueca nesta quinta-feira (10).
Tokarczuk foi premiada por "sua imaginação narrativa que, com uma paixão enciclopédica, simboliza a passagem de fronteiras como forma de vida", afirmou o secretário da Academia Sueca, Mats Malm.
Já Handke foi escolhido por uma obra "repleta de ingenuidade linguística que explora a periferia e a singularidade da experiência humana".
O Nobel de Literatura foi concedido este ano a dois autores, correspondentes a 2019 e 2018, depois que a atribuição do prêmio no ano passado foi adiada devido a um escândalo sexual que revelou os segredos que ocorriam no interior de uma instituição afetada por intrigas e corrupção.
A Academia Sueca, criada em 1786 e fundada no modelo da antiga Academia Francesa, precisou lidar com as relevações de agressões sexuais de um francês, Jean-Claude Arnault, influente personalidade da cena cultural sueca e que recebia generosos subsídios da academia. Ele foi condenado a dois anos e meio de prisão por estupro.
Os vencedores
Autora de uma dezena de livros, Olga Tokarczuk, 57 anos, é considerada na Polônia a escritora mais talentosa de sua geração. Sua obra, variada e traduzida para mais de 25 idiomas, vai de um conto filosófico até um romance policial de tom ecológico, passando por um livro histórico de 900 páginas, Os Livros de Jacó (2014). Seu único trabalho publicado no Brasil foi Os Vagantes.
Identificada politicamente com a esquerda, ecologista e vegetariana, a escritora, que geralmente usa dreadlocks, não hesita em criticar a política do atual governo nacionalista conservador do Partido Direito e Justiça (PiS).
Peter Handke, 76 anos, publicou mais de 80 livros e é um dos autores de língua alemã mais lidos e interpretados do mundo. Sua primeira obra saiu em 1966, As Vespas, antes de se tornar famoso com o livro O medo do goleiro diante do pênalti, em 1970. "O Nobel de Literatura? Deveria acabar. É uma falsa canonização que não representa nada para os leitores", afirmou ele há alguns anos.