O escritor israelense Amós Oz, de 79 anos, morreu nesta sexta-feira (28). A notícia foi dada pela filha do novelista nas redes sociais. A causa da morte ainda é desconhecida, no entanto, segundo declarações de sua filha, Oz vinha lutando contra um câncer.
Nascido em Jerusalém em 1939, Oz foi provavelmente o maior e mais conhecido escritor israelense das últimas décadas. Foi também autor de uma obra umbilicalmente ligada à história de Israel: alguns de seus grandes romances, como Uma Certa Paz (1982), A Caixa Preta (1987), Fima (1991) e Pantera no Porão (1995), fazem uma crônica artística da trajetória do país, suas crises e marés políticas, suas guerras.
Sua infância na capital do país também foi trabalhada no memorialístico De Amor e Trevas (2004)– adaptado para o cinema pela estrela Natalie Portman, que, dirigiu o filme e interpretou o papel da mãe do autor.
— A Jerusalém em que eu nasci e passei a infância era uma cidade triste. Excitante, fascinante, mas muito triste. Jerusalém ao longo da história atraiu todos os tipos de messias inspiradores, redentores, reformadores, judeus, cristãos, muçulmanos, radicais, intelectuais, é uma cidade fascinante, mas muito difícil. Por muitos anos, foi uma cidade dividida, com arame farpado, campos minados, snipers atirando em quem cruzasse as divisas, então era uma cidade dolorosa, mas muito atraente. Em alguns aspectos, ela ainda é assim. Jerusalém não é um lugar em que você vai apenas para se divertir e fazer compras. – comentou, em entrevista concedida a Zero Hora em 2017.
Apesar dessa relação tão próxima com Israel testemunhada em sua ficção e em sua literatura, Oz também foi um dos escritores mais controversos dentro de sua própria nação, dado que sua militância pela paz na região, seu apelo a uma solução de conciliação na questão palestina (expressa, entre outros textos, em Contra o Fanatismo) e as críticas duras que costumava dirigir a governos israelenses (como o do primeiro-ministro da direita linha-dura Benjamin Netanyahu) provocaram ataques virulentos de muitos de seus próprios compatriotas.
– Sinto-me triste porque muitos israelenses não entendem minhas ideias ou não as aceitam. Mas também me sinto orgulhoso porque, a cada vez que alguns de meus compatriotas me chamam de "traidor", eles me colocam em muito boa companhia, ao lado de alguns dos grandes escritores, poetas, profetas, intelectuais e estadistas na História que foram chamados de traidores por seus próprios contemporâneos. – declarou.
Nota de pesar
A Federação Israelita do Rio Grande do Sul emitiu um comunicado lamentando a morte do escritor. Leia na íntegra:
"A Federação Israelita do RS (FIRS) lamenta a morte do escritor Amos Oz. Além de ser um dos autores mais importantes da literatura israelense, foi o principal porta-voz do movimento Paz Agora, organização criada para alcançar a paz interna e externa para Israel. Durante sua vida, Oz publicou 35 livros entre romances e histórias infantis, além de coleções de artigos, críticas e ensaios."