A presença da cultura tcheca é constante no imaginário da literatura ocidental, sobretudo por conta de seu escritor mais famoso, Franz Kafka (1883 –1924), autor de obras como A Metamorfose e O Processo, e Milan Kundera, com seu best-seller mundial A Insustentável Leveza do Ser, da década de 1980.
A rica e agitada história do país europeu, que foi parte do império austro-húngaro, à época de Kafka, e nação comunista, quando Kundera se exilou na França, está ligada a uma fértil produção artística que vai além de seus mais conhecidos escritores. Parte dessa riqueza histórico-cultural e seu vínculo com o Brasil, por meio da imigração, estão ao alcance do público na 64ª Feira do Livro de Porto Alegre, que tem a República Tcheca como país convidado de honra.
– Um dos principais motivos para esse convite é que a República Tcheca é um dos países com maior índice de leitura do Ocidente, cerca de 17 livros por ano para cada habitante. Nada mais oportuno, portanto, do que tê-los como convidados de honra – explica o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Isatir Bottin Filho, ao lembrar que o país completa, em 2018, cem anos como república independente, 50 anos da Primavera de Praga e 25 anos da separação da República Eslovaca e a dissolução da Tchecoslováquia.
Historiadores como Hilda Flores apontam que a República Tcheca é a terceira maior nacionalidade de imigrantes europeus não portugueses no Rio Grande do Sul.
– Primeiro seriam os alemães, depois os italianos e aí os tchecos, que vinham também como cidadãos do Império Austro-Húngaro – completa Bottin Filho.
Além do estande na Área Internacional, o país é tema de exposições no Memorial do RS e de mesas coordenadas que propõem ao público conhecer a República Tcheca por meio dos livros. Confira abaixo a programação.
Exposições
Três exposições, no Memorial do Rio Grande do Sul (Rua 7 de Setembro, 1.020), têm como tema a República Tcheca:
O conto de Murilo Rubião e o desenho de Jiri Voves
A Formação do Estado Tchecoslovaco, 1918
A Primavera de Praga, 1968
Teatro 3 de novembro, sábado Apresentação da peça Birds in the house, inspirada em diversos textos curtos de Franz Kafka, às 17h30min. No Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº).
Encontros
Encontros, no auditório do Margs (Praça da Alfândega, s/nº), com escritores propõem ao público um contato maior com a República Tcheca.
2 de novembro, sexta-feira
Erika Korecek apresenta Cara Liberdade, de Zdenek Korecek (1953), às 14h30min.
Markéta Pilátová aborda a imigração como tema frequente da literatura tcheca, às 15h30min.
Eva Batlicková fala sobre a obra do filósofo Vilém Flusser, às 16h30min.
Markéta Pilátová e Gabriela Silva abordam os poemas de Markéta, às 17h30min.
3 de novembro, sábado
Helena Hrdlicková fala sobre A guerra das salamandras, de Karel Čapek, às 14h30min.
Fernanda Mellvee aborda histórias de Alois Jirásek, Otakar Batlička, Jan Neruda e Karel Čapek, às 15h30min.
Sílvia Kitadai fala sobre Frantisek Schmitt, conhecido como Frank Smit, talentoso violinista nascido em Dvur Kralové, na República Tcheca, em 1892, que imigrou para o Brasil, às 16h30min.
4 de novembro, domingo
Luiz Fernando Destro apresenta a cidade de Praga como cenário, tendo como base o livro Uma fênix em Praga, às 14h30min.
Karen Zolko apresenta o livro de Hannelore Brenner, Meninas do Quarto 28, que narra uma história de esperança, amizade, sobrevivência e arte em tempos de guerra, às 15h30min. Markéta Pilátová apresenta o livro As aventuras do bom soldado, escrito por Jaroslav Hasek pouco depois da Primeira Guerra Mundial, na qual o autor lutou, às 16h30min.
Fernando Lorenz de Azevedo apresenta Francisco Waldomiro Lorenc (František Vladimír Lorenc), poliglota e filósofo nascido no Reino da Boêmia, Império Austro-Húngaro (hoje República Tcheca), um dos primeiros esperantistas do mundo e o segundo no Brasil, às 17h30min.