A Companhia das Letras anunciou esta semana um grande projeto para 2019, ano em que se completam 105 anos do nascimento e os 35 anos da morte de Julio Cortázar (1914 – 1984). Um dos mais celebrados autores da literatura universal, o escritor argentino terá sua obra relançada pela editora, a começar com a publicação, inédita no Brasil, de uma caixa com dois tomos reunindo todos os seu contos.
Ao longo do próximo ano, ganham novas edições, pela ordem de lançamento, O Jogo da Amarelinha (1963), Bestiário (1951), Final do Jogo (1956), As Armas Secretas (1959), Todos os Fogos o Fogo (1966), Octaedro (1974), Queremos Tanto a Glenda (1980), História de Cronópios e de Famas (1962), Um Tal Lucas (1979), Os Autonautas da Cosmopista (1983), Os Prêmios (1960), 62 Modelo para Armar (1968), Divertimento (1986), O Exame (1986), A Volta ao Dia em Oitenta Mundos (1967), Último Round (1969), O Discurso do Urso (1952) e a versão ilustrada por José Muñoz do conto O Perseguidor.
Em seu comunicado, a Companhia das Letras citou um ensaio escrito no fim dos anos 2000 pelo o escritor argentino Fabián Casas: “Quero que Cortázar volte. Que voltemos a ter escritores como ele – certeiros, comprometidos, bonitos, sempre jovens, cultos, generosos, falastrões”.
Os livros terão capas feitas especialmente para as edições brasileiras pelo artista norte-americano Richard McGuire, capista da revista New Yorker. O Grupo Record, que publicava os livros de Cortázar com a Civilização Brasileira, confirmou a informação, mas preferiu não falar nada sobre a mudança de casa.
Para o professor e crítico Davi Arrigucci Jr., autor de O Escorpião Encalacrado, uma das análises mais completas e notáveis já feitas da obra do autor argentino, “a escrita de Cortázar se distingue, entre os grandes narradores hispânicos do século 20, pelos riscos com que assumiu a liberdade de inventar, por vezes beirando o limite da destruição da narrativa ou o impasse do silêncio (...) Uma literatura de invenção marcada na essência pela busca e pela experimentação contínua de novos rumos. Uma obra em rebelião permanente, em constante transformação”.
Para o editor da Companhia das Letras Emilio Fraia, Cortázar passa por um momento de redescoberta no mundo literário: “Ele começa a ser lido de um jeito inédito, menos automático e reverente. Às vezes é preciso que surja uma nova geração de leitores para enxergar um escritor com certa distância”.