Indicações de leitura da coluna Mundo Livro desta semana:
Contraforte
De Rudinei Kopp
Em seu terceiro romance, o santa-cruzense Rudinei Kopp apresenta um protagonista com a vida aparentemente pacata, mas que tem dúvidas sobre suas origens familiares e parece não ter domínio sobre suas atitudes e escolhas. O personagem trabalha em um museu, passando a maior parte de seus dias parado e silencioso, praticamente invisível, zelando pelas obras expostas. Por conta do flerte com uma mulher, ele começa a romper o isolamento. Na medida em que a história de amor se desenvolve, ele também precisa encarar fantasmas que tentava manter no passado. Gazeta/Pradense, 136 páginas, R$ 28.
A Coleção Privada de Acácio Nobre
De Patrícia Portela
A portuguesa Patrícia Portela, autora das novelas Para Cima e Não para Norte (2008) e Banquete (2012), lança este romance sobre Acácio Nobre, suposto gênio inventor português que conviveu com Fernando Pessoa e Mario de Sá-Carneiro, mas teve seu nome apagado da história pela ditadura salazarista. A autora joga com os limites entre realidade e ficção ao narrar em primeira pessoa como encontrou um baú com textos e projetos de Acácio Nobre, a partir dos quais reconstrói a vida do personagem, misto de Leonardo da Vinci com Forrest Gump português. Dublinense, 224 páginas, R$ 44,90.
Cama de Gato
De Kurt Vonnegut
Um dos mais elogiados romances do americano Kurt Vonnegut (1922 – 2007) volta a circular no Brasil. Lançado originalmente em 1963, o livro narra a história de um jornalista que pesquisa a vida do suposto criador da bomba atômica. Na medida em que o trabalho avança, ele se envolve em uma trama de fatos e personagens cada vez mais insólitos, descobrindo que o mundo está sob a ameaça de um dispositivo bélico muito mais perigoso que o cogumelo nuclear. Com narrativa rápida, repleta de humor e ironia, o romance de Vonnegut é uma sátira à Guerra Fria e uma reflexão sobre ética e ciência. Aleph, 280 páginas, R$ 44,90.
Húmus
De Raul Brandão
Marco da literatura lusa, Húmus (1921) ganha nova edição no Brasil pela Carambaia, em capa dura e com o texto retrabalhado por Raul Brandão (1867 – 1930) em 1926. O romance é considerado um dos pilares do modernismo português, por conta do enredo não linear e pelo deslocamento no ponto de vista do narrador, mesclando ilusão e fatos. O livro apresenta uma vila isolada e modorrenta em que os habitantes repetem tarefas de gerações passadas. Com o aparecimento de figuras fantasmagóricas, uma ideia antes inconcebível começa a tomar forma: a supressão da morte. Carambaia, 312 páginas, R$ 74,90.
Agenda e novidades do mercado editorial:
>Os escritores Carol Bensimon e Diego Grando iniciam na próxima semana o curso Máquina Desmontada, sobre a escrita de romances. Nas aulas, os autores analisam trechos de narrativas e propõem exercícios para demonstrar como funciona a construção de um texto longo. Entre as obras trabalhadas, estão Pastoral Americana, de Philip Roth; Foi Apenas um Sonho, de Richard Yates, e Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera. As aulas são no bairro Independência, às segundas e quartas, das 19h às 22h, até 24 de janeiro. Para mais informações, é preciso escrever para o e-mail amaquinadesmontada@gmail.com.
>Gaúcho de Bagé radicado na França, o executivo Ricardo Lugris estará em Porto Alegre na próxima terça-feira para o lançamento de seu primeiro livro, às 19h30min, no DaDo Bier do Shopping Bourbon Country (Túlio de Rose, 80). Em Tempo em Equilíbrio (Fontenele, 296 páginas, R$ 50), Lugris conta como foi percorrer de motocicleta 35 mil quilômetros de Paris a Singapura, cruzando 20 países em 152 dias, viagem que empreendeu solitário entre julho e dezembro de 2015.
>O fim da editora Foz, da jornalista Isa Pessoa, foi anunciado nesta semana. Em cinco anos, a casa editorial publicou autores como Marcelo Rubens Paiva, Francisco Bosco, Ruy Castro e Nelson Motta. Entre os motivos para o encerramento, estão a crise econômica e a falta de investimentos do governo federal em educação, filão no qual a empresa estava depositando expectativas. Isa agora atua como diretora editorial da Tordesilhas, selo do Grupo Alaúde. Ela pretende ampliar os gêneros publicados pelo selo, que tinha seu foco sobre a literatura. Jornalismo e biografias passam a entrar no radar da editora.
>A solenidade de premiação do Açorianos de Literatura de 2017 será realizada até o final do mês de março. O prêmio costumava ter suas edições tradicionalmente promovidas em novembro, o que não se repetiu no ano passado. Segundo a Secretaria Municipal de Cultura, a mudança no calendário foi decidida com o objetivo de incorporar o evento à Semana de Porto Alegre, que em 2018 celebrará os 245 anos da cidade. Atualmente, os jurados estão em processo de análise das 169 obras inscritas. Os finalistas de cada categoria serão divulgados na primeira quinzena de março. A previsão é de que a festa de premiação seja realizada na semana seguinte ao anúncio dos finalistas .