O romance Anatomia do paraíso acaba de render a Beatriz Bracher seu segundo grande prêmio do ano. Primeiro, ele venceu o estreante Prêmio Rio de Literatura, no valor de R$ 100 mil. Na noite da última segunda-feira, o livro foi reconhecido pelo Prêmio São Paulo de Literatura como o melhor romance publicado em língua portuguesa no Brasil em 2015. Bracher, que desbancou nomes como Mia Couto, Raimundo Carrero e João Almino, ganhou mais R$ 200 mil.
Para o júri, formado por Adriano Schwartz, Elisabeth Brait, Estevão Azevedo, Heloísa Jahn e Ronald Polito de Oliveira, trata-se de um "livro intenso, com personalidade desde a primeira página, inteligente e provocador, escrito em linguagem bela e refinada, com descrições precisas, visuais, associadas à construção da tensão".
Leia mais
Prêmio Oceanos de Literatura divulga semifinalistas
Leandro Karnal, Thalita Rebouças e Adriana Calcanhotto são atrações da Feira do Livro de Porto Alegre
Anatomia do paraíso (Editora 34) conta a história de um jovem estudante de classe média que escreve uma dissertação de mestrado sobre Paraíso perdido (1667), poema épico de John Milton que narra a queda do homem e a expulsão de Adão e Eva do paraíso. "Não é uma leitura fácil, e essa é outra qualidade deste romance", diz, ainda, o júri em nota.
Outros dois escritores foram premiados pela Secretaria de Estado da Cultural. Vencedor do Prêmio Sesc em 2012 com os contos de Réveillon e outros dias, sua estreia literária, Rafael Gallo levou, agora, o Prêmio São Paulo por seu primeiro romance. Delicado livro sobre uma mãe às voltas com a decisão de encerrar as buscas por seu filho desaparecido três décadas antes, aos cinco anos, Rebentar (Record) foi eleito pelo como a melhor obra da categoria Estreante com menos de 40 anos. Gallo ganhou R$ 100 mil.
"Às vezes, a condução do enredo nos dá a impressão de que o autor vai escolher alguma saída redentora, mas ele não faz isso e sustenta de modo vigoroso, por quase 400 páginas, essa história de um aprendizado impossível", justifica o júri.
Já Marcelo Maluf venceu a categoria Estreante com mais de 40 anos com o romance A imensidão íntima dos carneiros (Reformatório). O livro acompanha a tentativa de um neto, Marcelo, de conhecer o avô, morto antes de seu nascimento, e de compreender sua identidade. A história se alterna entre os anos 1920 e 2013, entre as montanhas de Zhale, no Líbano, e Santa Barbara D'Oeste, no interior de São Paulo.
"Romance ao mesmo tempo delicado, sobretudo na linguagem, e forte, na ideia de que toda tragédia perpetua, ainda que de forma não aparente. O autor bebe com felicidade incomum na tradição da narrativa e das fábulas para dar conta de uma trama que se passa em tempos e realidade tão distante", escreve o júri.
* Estadão Conteúdo