Giu Alles, ator do coletivo de teatro Antropofágica, disse ter sofrido racismo na cerimônia de premiação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) na terça-feira (2).
Segundo Alles, um dos diretores da APCA o abordou e pediu que retirasse o prêmio de sua bolsa, pois os troféus entregues na cerimônia eram simbólicos e deveriam ser devolvidos no final do evento. As oficiais, que não ficaram prontas a tempo, serão entregues nos próximos dias. O ator, então, afirmou que abriu a bolsa para "mostrar que estava guardando o celular".
Ele fez a acusação no palco, dizendo que havia sido abordado momentos antes por um dos organizadores do evento:
— Me chamaram para pedir para eu tirar o prêmio da bolsa. Tive que abrir minha bolsa e mostrar que eu estava guardando meu celular, não o prêmio. O que eu queria dizer, na verdade, é que nossa relação com os racistas não tem que ser de vítima, tem que ser de algoz.
O acusado de ter abordado Alles é Celso Curi, um dos diretores da APCA e organizador do evento. Em resposta à Folha de S. Paulo, Curi disse que só chamou Alles porque outra pessoa do evento havia lhe dito de que o artista teria guardado o troféu na bolsa.
— O que eu falei para ele foi: "Alguém da produção me disse que você guardou o troféu, mas esse não é seu, o de vocês vai chegar pelo Correios". Ele respondeu que não tinha pegado o troféu e abriu a bolsa. Aí eu disse que não tinha problema, ele se afastou e se misturou com os premiados — defendeu Curi.
Curi ainda disse que pediu desculpas pela situação e Alles não o ouviu. O ator, no entanto, disse que achou "um absurdo ter que falar qualquer coisa ali naquele momento, enquanto os colegas faziam seus agradecimentos".
Em nota divulgada nesta sexta-feira (5), a APCA respondeu a acusação ressaltando que a considera inaceitável, que sempre "defendeu os direitos iguais para todos".