Um lugar para criar, pensar e exibir a arte produzida no Rio Grande do Sul. Essa é a proposta da Zona Cultural, um novo espaço que fica na Av. Alberto Bins, 900, entre o Centro Histórico e o chamado Quarto Distrito. As portas da casa serão abertas nesta quarta-feira (8), às 20h, com a estreia do espetáculo Cabaré da Mulher Braba, da Cia. Rústica, dirigido por Patrícia Fagundes.
Com mais de 500 m², o prédio de dois andares foi reformado para abrigar o centro cultural com conforto para os visitantes e sendo um espaço apropriado para a apresentação dos mais diversos espetáculos, no térreo — a capacidade do local é de 120 espectadores. Ainda há bar, banheiro acessível e depósito. Já o piso superior conta com saguão, camarins, duas salas para ensaios, aulas e reuniões, e banheiros para público e artistas.
— A Zona Cultural representa o convívio que as artes cênicas proporcionam, da presencialidade do teatro, essa coisa do encontro. É algo tão antigo isso de a gente se encontrar no mesmo espaço-tempo, uma singularidade que nos potencializa em um mundo veloz, tecnológico — explica Patrícia Fagundes.
Ela é um dos nomes que encabeçam e gerenciam o centro cultural, incluindo Sandra Possani, Carlos Mödinger, Iassanã Martins, Diego Nardi, Juliana Kersting, Rodrigo Shalako, Heinz Limaverde, Mirna Spritzer, Batista Freire, André Varela e Roberta Alfaya. Eles se uniram para financiar o projeto, sem patrocínio e contando apenas com recursos privados, para dar vida a um sonho compartilhado.
— Pagamos aluguel e montamos o projeto com recursos escassos. A nossa expectativa é conseguir um apoio institucional, porque é um projeto para a cidade, não é um projeto para nós — explica a diretora. — E eu acho que artistas produzindos espaços artísticos fortalecem as janelas, as portas, as possibilidades destes espaços respirarem. E também é uma forma de se apropriar dos próprios meios de produção.
Bar aberto
A Zona Cultural contará com uma programação que oferecerá performances, pocket-shows, eventos, cursos, oficinas e, principalmente, peças teatrais — estas sempre com o bar aberto. A proposta, segundo os idealizadores, é proporcionar à cidade um lugar único de convívio e experiência artística, em um espaço cultural múltiplo, com projetos criativos e pedagógicos que articulam diálogos sociais. O ator Heinz Limaverde salienta:
— Um espaço como a Zona Cultural é fundamental para Porto Alegre. É um lugar democrático, que está de portas abertas para todos os públicos e para todas as linguagens artísticas conversarem e brindarem a este encontro. É um espaço de resistência também. Precisamos de espaços mais plurais, mais de convivência. Precisamos conviver com pessoas diferentes.
Segundo o artista, esta pluralidade de pessoas gera conversas e, a partir delas, é possível realizar projetos em conjunto, abrindo novas possibilidades, mesclando quem está chegando na cena, querendo aprender, e quem já tem uma trajetória nos palcos do Estado, do país e até mesmo do mundo — não colocando limites no alcance da iniciativa. Patrícia complementa:
— O prédio da Zona Cultural entrega a diversidade que estamos buscando, podendo receber artistas inclusive de diferentes áreas. E o Quarto Distrito foi escolhido porque é uma área da cidade que está sendo revitalizada, em um sentido de cultura e entretenimento, que é onde a gente se insere, além da questão de oferecer educação, com cursos, aulas, oficinas e workshops.
Inauguração
O espetáculo que vai abrir as portas da Zona Cultural é o Cabaré de Mulher Braba. A montagem é vista como uma celebração à arte gaúcha, uma vez que marca o retorno da Cia. Rústica, um dos mais premiados grupos teatrais gaúchos, depois de uma pausa de quatro anos.
A produção estreia no Dia Internacional da Mulher. Nos dias 8 e 9 de março, às 20h, as apresentações têm entrada franca, mas as senhas já estão esgotadas. Depois, a atração segue em cartaz de 10 a 26 de março, com sessões às sextas-feiras, sábados e domingos, com ingressos a R$ 50 pelo Sympla.
A peça, de acordo com a diretora, integra o seu projeto Cabarés do Sul do Mundo. E esta montagem vem reconhecer a diversidade das mulheres, entregando pautas políticas que estão na ordem do dia, como feminismo e estudos de gênero, bem como todas as questões sociais que precisam ser transformadas, começando pelo machismo.
— O Cabaré da Mulher Braba está ficando um espetáculo lindo. São artistas fantásticos reunidos em uma aventura misturada com loucura. São artistas com recursos, com brilho, com muito axé. Então, eu acho que é um momento muito especial na história da gente e na história da cidade — finaliza Patrícia.