"TOC – Uma Comédia Obsessiva Compulsiva" volta a cartaz engajada com a campanha Janeiro Branco

Diretor e elenco vestem as camisetas do Janeiro BrancoJean Pierre Kruze / Divulgação

Quase um ano após a estreia, em meio ao Porto Verão Alegre de 2019, o espetáculo TOC – Uma Comédia Obsessiva Compulsiva volta ao festival de teatro. Desta vez, o clima é de comemoração, já que o espetáculo se tornou um sucesso nos palcos da Capital, mas também de engajamento com uma causa séria: a peça se juntou à campanha Janeiro Branco, que promove a conscientização sobre a importância da saúde mental. A montagem cumpre temporada no Teatro CIEE de quinta-feira (23) até domingo (26), às 21h. Ao final das três primeiras sessões, o público é convidado a um bate-papo com psiquiatras.

Com bom humor, TOC aborda a realidade de quem vive com transtorno obsessivo-compulsivo, ou seja, sofre com preocupações excessivas que levam a comportamentos repetitivos. Conhecidas como "manias", elas podem se tornar graves a ponto de interferir na rotina profissional e pessoal. De acordo com um estudo da UFRGS, entre 3 e 4 milhões de brasileiros têm o transtorno, aproximadamente uma em cada 40 a 60 pessoas.

A peça coloca em cena quatro personagens com diferentes tipos de TOC, como mania de limpeza, de verificação, compulsão por dizer a verdade e paranoias. Eles se encontram em um consultório para uma sessão de terapia e, enquanto esperam pelo "famoso Dr. Clóvis Schwartzmann", compartilham suas vidas.

— A peça começa depois dos personagens tomarem a decisão do tratamento porque o caminho até reconhecer que precisamos de terapia leva anos, às vezes, uma vida inteira — ressalta o diretor Lutti Pereira. — Fala-se pouco de saúde mental no Brasil, ainda há muito preconceito. É preciso mostrar que procurar um terapeuta não é feio.

O assunto já inspirou outras produções de comédia, como Toc Toc, disponível na Netflix. Lutti idealizou o espetáculo após assistir ao filme e buscou o dramaturgo Artur José Pinto para escrever o roteiro original.

Segundo o diretor, é frequente a realização de um bate-papo sobre saúde mental após as sessões. O público participa, compartilhando histórias de parentes e conhecidos acometidos por TOC. Certa vez, um espectador com Síndrome de Tourette comoveu a plateia ao falar da doença que o fazia perder controle dos próprios gestos. O diretor lembra ainda de uma jovem com TOC que não conseguia mais sair de casa, mas foi convencida pelos pais a assistir o espetáculo.

— O casal veio no primeiro dia da peça e foi para casa fazer campanha para a filha ir. Para minha surpresa, ela viu a peça e se identificou, mas, ao mesmo tempo, estava desesperada para voltar para a casa.

Casa cheia

A comédia já foi apresentada 19 vezes em Porto Alegre, Caxias do Sul e Passo Fundo, e vista por mais de 6 mil pessoas. Além disso, recebeu quatro indicações ao Prêmio Açorianos de Teatro, que será entregue em 7 de março: (Daniel Lion e Lutti Pereira) Melhor elenco (Daniel Lion, Juliana Barros, Letícia Kleemann e Vinícius Petry) Melhor ator (Daniel Lion) e Melhor figurino (Daniel lion).

Depois da temporada no Porto Verão Alegre, a peça deve retornar ao CIEE de 15 a 31 de maio, voltar a Caxias do Sul e Passo Fundo, e fazer incursões para fora do Estado no segundo semestre.

Janeiro Branco

Criada em 2014, pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão, a Campanha Janeiro Branco vem se expandindo pelo país com a proposta de colocar temas relacionados à saúde mental e emocional em evidência na sociedade, chamando a atenção para as necessidades e as importâncias subjetivas, mentais e emocionais dos seres humanos. Em 2020, a campanha alcança sua sétima edição, envolvendo palestras, panfletagens, intervenções artísticas, rodas de conversa e outras atividades didáticas com profissionais da saúde. Para mais informações, visite o perfil @janeirobranco no Instagram.