Com quase 150 espetáculos, o 21º Porto Verão Alegre tem atrações para os mais diversos públicos. Para ajudar no garimpo, GaúchaZH apresenta neste texto alguns destaques em categorias.
Sócios do Clube do Assinante tem 20% de desconto na compra de ingressos a partir de quarta-feira (8). A programação completa está no site portoveraoalegre.com.br.
Peças Premiadas
Montagens gaúchas que foram premiadas nos últimos anos estão de volta a cartaz no Porto Verão Alegre. O ano de 2019 foi o da consagração de Arena Selvagem, conjunto de cenas adaptadas de diversos autores pelo Grupo Cerco sobre a animalidade no ser humano. O trabalho, que em 2018 havia ganhado o Prêmio Açorianos de melhor direção (Inês Marocco), levou em 2019 o Prêmio Braskem em Cena de melhor espetáculo pelo júri oficial e pelo júri popular.
O Braskem em Cena também destacou Sissi Venturin como melhor atriz por A Fome, também em cartaz no Porto Verão Alegre 2020. Neste solo, uma mulher narra seus estranhos relacionamentos passados.
Também estão na programação do Porto Verão as peças Ramal 340, do Coletivo Errática, e O Feio, da ATO Cia. Cênica, vencedoras do Açorianos de melhor espetáculo em 2016 e 2012, respectivamente.
Mulheres em Cena
O teatro tem sido um meio privilegiado para abordar questões relacionadas ao empoderamento feminino. Elas cria um bonito mosaico de cenas protagonizado por cinco atrizes, que interpretam personas sobre um espelho d’água em um cenário cavernoso.
Em Mulheragem, sete atrizes denunciam episódios de violência, recuperando biografias que foram reprimidas pela história. Uma das atrizes é Juçara Gaspar, que também apresenta no festival o solo Frida Kahlo – À Revolução!, trabalho que completou 10 anos em 2019, mostrando a vida da pintora mexicana.
Também denunciando as opressões às mulheres, a performance Projeto Lilith: Pixações em Corpos Histéricos recupera mitos como os de Lilith e Pandora. Já Latidos mostra o acerto de contas entre mãe e filha – interpretadas pelas atrizes Patsy Cecato e Gabriela Poester – após o enterro do pai da jovem.
Comédia em Pé
Gênero tradicional nos Estados Unidos, a comédia stand-up tem diversos representantes no festival, refletindo um interesse crescente no Brasil. Uma das atrações mais aguardadas é TsuNANY, com a atriz e humorista Nany People, que promete falar, no Teatro do Bourbon Country, sobre os excessos da vida moderna no que diz respeito a cirurgias plásticas, culto ao corpo, vício em tecnologia e relacionamentos pessoais.
Já Bruna Louise levará ao Theatro São Pedro o espetáculo Desbocada. Fenômeno das redes sociais, ela tem 1,76 milhão de inscritos em seu canal no YouTube. Também se apresentam Paulinho Mixaria, Nando Viana, Cris Pereira e Nego Di, entre outros. Algumas atrações ocorrerão em um espaço típico: o Porto Alegre Comedy Club.
Inspiração na Literatura
Teatro e literatura andam de mãos dadas, e alguns espetáculos enriquecem essa relação levando para o palco textos que não foram escritos originalmente para serem encenados. É o caso de Caio do Céu, delicado trabalho em que Deborah Finocchiaro e Fernando Sessé costuram escritos de Caio Fernando Abreu em diversos gêneros literários. Outro destaque é a atuação de Caco Coelho, que dá voz ao Padre Antônio Vieira em História do Futuro, evidenciando as coincidências entre o futuro imaginado e o que o Brasil realmente se tornou.
Já um clássico do teatro gaúcho, Bukowski – Histórias da Vida Subterrânea traz Roberto Oliveira na pele do cultuado escritor. O festival ainda tem adaptações de Guimarães Rosa (O Sertão em Mim), João Gilberto Noll (Aquilo que nos Amanhece), Valter Hugo Mãe (Homem Mãe) e Luiz Coronel (Causos do Coronel – A Comédia Gaúcha).
Mostra Ponto de Teatro
Este segmento da programação leva de volta ao Instituto Ling, durante o mês de janeiro, os seis espetáculos que estrearam neste ano dentro do projeto Ponto de Teatro, coordenado por Renato Mendonça e realizado no espaço cultural. São projetos selecionados por uma curadoria que evidenciam a qualidade e a diversidade da cena gaúcha: comédia (A Última Peça, que celebra os 15 anos do Teatro Sarcáustico, e Diário Secreto de uma Secretária Bilíngue, com Deborah Finocchiaro), drama (Homem de Lugar Nenhum, com Renato Del Campão e João Petrillo), teatro de bonecos para adultos (2068, da Cia. Máscara EnCena, que também apresenta no festival Imobilhados), teatro de sombras infantil (Criaturas da Literatura, da Cia. Teatro Lumbra) e dança (Sambaracotu, do Canoas Coletivo de Dança).
Mostra Tchékhov
Cinco montagens de textos de Tchékhov (1860-1904) foram reunidas em uma mostra com sessões de 4 a 14 de fevereiro, no Teatro Renascença. A reunião vem em boa hora: em 29 de janeiro, completam-se os 160 anos de seu nascimento. Entre os espetáculos, há a ousada releitura experimental do dramaturgo Francisco Gick com o Coletivo Errática para A Gaivota, intitulada Dispositivo-Gaivota.
Também inusitada é a comédia Os Palhaços de Tchékhov, estreada em 2019 para celebrar os 20 anos do Circo Girassol. A releitura de Dilmar Messias adapta a obra do autor à linguagem dos clowns, exacerbando o sutil humor do original. Também estão na mostra Os Males do Fumo, solo de João Petrillo dirigido por Renato Del Campão; O Pedido de Casamento, encenada por Jean Pierre Kruze; e Sobre Nós, de Leo Maciel.
Comédias Clássicas
Não há Porto Verão Alegre sem elas, as comédias em cartaz há anos e que são marcas registradas do festival. São espetáculos aos quais o público sempre retorna para rir mais uma vez. Um clássico é Bailei na Curva, estreado em 1983, que mostra com humor e sensibilidade a infância e a adolescência de um grupo de amigos que viveu a ditadura militar.
Se Meu Ponto G Falasse, Manual Prático da Mulher Moderna e Inimigas Íntimas brincam com as coisas do universo feminino, mas prometem gargalhadas para todos. Já Pois É, Vizinha... é uma comédia dramática de sucesso com Deborah Finocchiaro a partir do texto de Dario Fo e Franca Rame. Um dos personagens mais queridos desse rincão, o Guri de Uruguaiana estrela Os Causos do Guri de Uruguaiana e o Programa do Guri.
Todos os Sons do Verão
Musical, show, concerto, baile: o Porto Verão tem atrações musicais para todas as intenções. Produção com elenco numeroso, Chiiicago – Nem Tudo É Jazz é uma livre adaptação do célebre musical Chicago produzida por alunos de Teatro e Música do Instituto de Artes da UFRGS, com direção de Luiz Manoel. Grandes nomes da música serão lembrados: Maria Bethânia (A Doce Bárbara, com Antônio Carlos Falcão), Bob Dylan (Memória Musical, com Luciano Alves, Jimi Joe e banda) e os Fab Four (Beatles em Concerto, releitura em formato de música de câmara). O Porto Verão será uma nova oportunidade para assistir, no Opinião, à peça De Volta para a Garagem, de Bob Bahlis, que ambienta história escrita por Caio Fernando Abreu em meio a personagens do rock gaúcho.
Espetáculos Infantis
Cultura é programa para toda a família, e o Porto Verão contará com uma generosa Mostra Infantil: serão 12 espetáculos com sessões aos sábados e domingos no Teatro do Sesc Centro. Entre eles, estão Alice – Além da Toca do Coelho, dirigido por Sue Gotardo a partir da obra de Lewis Carroll; Brinco de Princesa, solo circense de Débora Rodrigues dirigido por Dilmar Messias para o Circo Girassol; É Proibido Miar, baseado em livro de Pedro Bandeira, incorporando recursos de audiodescrição e tradução em Libras à narrativa; e Expedição Monstro, da Cia. Indeterminada. Fora do Teatro do Sesc, estarão em cartaz TÓIN – Dança para Bebês, da Muovere Cia. de Dança, na Casa de Espetáculos, e Criaturas da Literatura, esta dentro da Mostra Ponto de Teatro, no Instituto Ling.
Mostra de Dança
Espaço intimista localizado no bairro Floresta, a Casa de Espetáculos receberá seis espetáculos da Mostra de Dança do Porto Verão Alegre. Uma das atrações da programação é a irreverente Bundaflor, Bundamor, criada e dirigida por Eduardo Severino, que é um dos bailarinos do elenco.
O trabalho investiga, com humor, o simbolismo da parte do corpo humano que integra o imaginário brasileiro. No solo Translúcido, Marilice Bastos incorpora desejos, vontades e expectativas de uma personagem chamada Lice. Já Flamenco Imaginário para Todos, da Cia. Del Puerto, é uma adaptação de classificação etária livre para O Corcunda de Notre-Dame, de Vitor Hugo, enquanto No Te Pongas Flamenca, no Teatro da Santa Casa, traz Juliana Kersting dirigida por Larissa Sanguiné. Esta é uma das três montagens de dança que não serão apresentadas na Casa de Espetáculos.