Faz tempo que o Porto Verão Alegre transformou os meses de janeiro e fevereiro em alta temporada nos palcos da Capital, mas em 2019 está ainda mais singular: completando 20 anos, o festival comandado por Rogério Beretta e Zé Victor Castiel terá uma edição turbinada com mais de cem atrações em 13 espaços culturais, incluindo teatro, dança, música, mágica e cinema. Só de espetáculos serão 107, um aumento de 26 títulos em relação à edição anterior. Tudo isso começando amanhã e terminando apenas no dia 17 de fevereiro, com ingressos a preços acessíveis, de R$ 20 a R$ 40.
– Quando começamos, nem sonhávamos que o festival poderia ter essa longevidade. Nesses 20 anos, aprendemos a ouvir o público, o que talvez tenha sido a nossa fórmula. Trabalhamos para os espectadores, facilitando a compra de ingressos, o acesso a informações, pensando na estrutura dos espaços culturais – afirma Beretta. – Outro fator de sucesso é a diversidade e a quantidade da produção gaúcha. O Porto Verão Alegre só existe graças ao trabalho constante e insistente da classe artística, apesar de todas as crises passadas nesses 20 anos.
Entre as novidades está o ciclo de cinema Cine ao Leo, no StudioClio, com a exibição gratuita de filmes estrelados por Leonardo Machado, ator gaúcho morto em 28 de setembro do ano passado, aos 42 anos. A programação deste ano também contará com atrações musicais no barco Cisne Branco. Além das atividades na Capital, nove espetáculos estarão no Teatro do Sesc de Canoas.
Tradicionalmente voltado à produção gaúcha, o Porto Verão promoverá a estreia de cinco espetáculos. Bonecas Cobiçadas é a remontagem do trabalho de 1989 em que os atores Caio Prates, João Carlos Castanha e Lauro Ramalho interpretam divertidos números musicais com direção de Zé Adão Barbosa. Também irreverente é a peça TOC – Uma Comédia Obsessiva Compulsiva, escrita por Artur José Pinto, com direção de Lutti Pereira, sobre quatro pessoas que se encontram em um consultório de psicoterapia. O encenador Luciano Alabarse apresenta o drama Lilás, montagem com elenco jovem contemplando dois textos do dramaturgo norueguês contemporâneo Jon Fosse. Já o diretor José Ronaldo Faleiro monta a única peça escrita por Josué Guimarães em Um Corpo Estranho Entre Nós, com Regius Brandão e Lui Strasburger. Na seara musical, Sérgio Rojas toca trilhas originais para cinema e para outros projetos no show Sérgio Rojas Instrumental.
PROGRAMAÇÃO DIVERSIFICADA
Outras 45 atrações participam pela primeira vez do festival, evidenciando a pujança da cena local. Como de costume, o Porto Verão oferece um cardápio variado de espetáculos para os mais diferentes gostos. Há desde comédias garantidas e já clássicas nos palcos gaúchos, como Homens de Perto – Desgovernados, Bailei na Curva e Se Meu Ponto G Falasse, até peças contemporâneas estreadas em 2018, a exemplo de Arena Selvagem, Pátria Estrangeira e A Fome. Beretta avalia que a expansão no número de atrações do festival tem sido realizada “a passos módicos, mas constantes”:
– Neste ano, crescemos muito em número de espetáculos, mas não é por esse número que avaliamos o tamanho do evento, e sim pela presença de público. Por meio de nosso trabalho de divulgação, temos procurado aumentar esse contingente. Essa coragem para crescer é compartilhada com os artistas, pois grande parte dos espetáculos participam apenas pela bilheteria. Quanto mais patrocínio captamos, mais cachês podemos pagar a eles.
Por causa da situação econômica do país, a organização do festival demorou mais tempo para fechar os contratos de patrocínio para esta edição. Por isso, não foi possível coproduzir um espetáculo especial para a abertura, como ocorreu em edições anteriores – o lançamento do evento foi realizado em um concerto da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre em dezembro. Até agora, segundo Beretta, foi captado cerca de 50% do orçamento de R$ 2,3 milhões, porcentagem similar à de outros anos. O Porto Verão é um festival privado, realizado com incentivos via Lei Rouanet e investimentos diretos.