É recomendável que um casal em crise procure um terapeuta, nem que seja como último recurso para tentar resolver seus problemas conjugais. Mas a comédia Baixa Terapia, que desembarca nesta sexta-feira (3) em Porto Alegre, inverte a situação: estão no palco três casais que chegam ao consultório da terapeuta e encontram em seu lugar apenas envelopes com situações sugeridas para que eles se entendam sozinhos. Para piorar as coisas, cada paciente tem personalidade e temperamento distintos.
Com essa inusitada proposta, a bem-sucedida peça do escritor e dramaturgo argentino Matías Del Federico ganhou inúmeras montagens pelo mundo. Foi em Buenos Aires, dirigida pelo grande Daniel Veronese, que Antonio Fagundes se apaixonou pelo texto como espectador e imediatamente procurou garantir o direito de encená-lo no Brasil.
Depois de um ano em cartaz em São Paulo e retornando de uma breve temporada nos Estados Unidos, a montagem brasileira dirigida por Marco Antônio Pâmio será apresentada no Theatro São Pedro nesta sexta (3), às 21h; sábado (4), às 18h e às 21h; e domingo (5), às 18h (veja detalhes abaixo).
Protagonizam a trama os casais Ariel (Antonio Fagundes) e Paula (Mara Carvalho); Estevão (Bruno Fagundes) e Tamara (Alexandra Martins); e Roberto (Fábio Espósito) e Andrea (Ilana Kaplan). Fagundes contracena com seu filho (Bruno), sua companheira (Alexandra) e sua ex-mulher (Mara). Com seis atores em cena, será que o processo de criação do espetáculo foi, ele mesmo, uma espécie de terapia? Fagundes ri:
– Não precisamos fazer terapia porque o texto tem uma dramaturgia bem elaborada. O Matías Del Federico e o Daniel Veronese estudaram todos os temas que levantam no espetáculo. Foi só seguir à risca o texto, o que deu certo.
Prêmio Shell para Ilana Kaplan
Embora seja um espetáculo para gargalhar, Baixa Terapia reserva uma surpreendente reviravolta no segmento final – que os atores prudentemente jamais revelam nas entrevistas. Por meio do humor, o texto discute temas sérios como a criação dos filhos e a decisão de morar ou não morar juntos. Certa vez, no camarim, o elenco resolveu listar os temas e chegou ao número de 25.
Para Ilana Kaplan, cada espectador se identifica com algum aspecto da peça, seja a forma como os personagens se relacionam, sejam os temas abordados:
– É um raio-x da vida de todos.
Por seu desempenho como a tímida Andrea, Ilana ganhou em março o prêmio Shell de São Paulo de melhor atriz. Gaúcha radicada na capital paulista, ela explica que criou durante os ensaios uma partitura física para sua personagem, que tem poucas falas:
– O humor é uma ferramenta muito específica: a pessoa tem ou não tem. É um jeito de ver as coisas. O humor é considerado o gênero mais difícil pelos atores justamente porque não se ensina.
No final das contas, uma possível leitura do espetáculo é que, mesmo em um mundo em desagregação, as pessoas podem se entender sem a necessidade de um mediador? Fagundes:
– A ideia é essa, mas não é à toa que a peça é chamada de Baixa Terapia, porque a lavação de roupa ali é bastante grande. Você pode imaginar o que é a reunião de três casais discutindo os problemas uns dos outros.
BAIXA TERAPIA
Nesta sexta-feira (3), às 21h; sábado (4), às 18h e às 21h; e domingo (5), às 18h.
Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº), fone (51) 3227-5100, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 90 (galerias), R$ 100 (camarote lateral), R$ 120 (camarote central), R$ 140 (plateia e cadeiras extras). À venda na bilheteria do teatro e no site.