A organização do 51º Festival de Cinema de Gramado informou que, a pedido da família de Léa Garcia, que morreu nesta terça-feira (15), o Oscarito em homenagem à carreira dela será entregue ainda nesta terça, no início da primeira sessão, marcada para as 17h30min. O filho da atriz, Marcelo Garcia, receberá o prêmio no palco do Palácio dos Festivais.
A artista receberia a honraria ao lado da colega e amiga Laura Cardoso. A coletiva de imprensa, que estava marcada para as 14h desta terça com as atrizes, foi cancelada após a notícia do falecimento. A cerimônia para a entrega do Oscarito a Laura será realizada nesta sexta-feira (18).
O restante da programação será mantido, com a exibição dos filmes Ela Mora Logo Ali, de Fabiano Barros e Rafael Rogante, O Barulho da Noite, de Eva Pereira, Remendo, de Roger Ghil, e Da Porta pra Fora, de Thiago Foresti. As atividades serão cumpridas com luzes mais baixas para homenagear a artista e o logotipo do evento está em preto e branco no telão do cinema.
Um vídeo em homenagem a Léa foi transmitido antes do início da sessão da Mostra Gaúcha de longas desta terça. A mestre de cerimônias, Marla Martins, lamentou a morte e pediu ao público que ficasse de pé para bater palmas em homenagem à atriz.
O evento havia divulgado uma nota de pesar pelo falecimento de Léa antes de confirmar as alterações.
Leia a nota na íntegra:
É com pesar que a organização do Festival de Cinema de Gramado informa que a atriz Léa Garcia faleceu na madrugada de hoje (15), no hotel que estava hospedada em Gramado. A atriz receberia o troféu Oscarito na noite de hoje, ao lado de Laura Cardoso. De acordo com o Hospital Arcanjo São Miguel, a causa da morte foi um infarto agudo do miocárdio.
Dona Léa Garcia havia chegado a Gramado no último sábado (12) acompanhada do filho, Marcelo Garcia. A atriz circulava diariamente pelo evento, onde acompanhou diversas sessões no Palácio dos Festivais. Em uma de suas passagens pelo tapete vermelho, a atriz afirmou ao portal Acontece Gramado ter “um enorme prazer em estar mais uma vez em Gramado. Esse calor, essa receptividade com a qual a cidade nos recebe. Aqui tem um leve sabor de chocolate no ar. Obrigado a todos que fazem o festival, que participam e que concorrem. Aqui me sinto sempre prestigiada”.
Léa Garcia possuía uma história antiga com Gramado, conquistando Kikitos de melhor atriz pelo longa Filhas do Vento (2004) e pelos curtas Hoje Tem Ragu (2008) e Acalanto (2013). Aos 90 anos, a veterana detinha de um currículo com mais de cem produções, incluindo cinema, teatro e televisão. Com uma célebre trajetória nas artes, foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957 por sua atuação no filme Orfeu Negro que, em 1960, ganharia o Oscar de melhor filme estrangeiro, representando a França.
Atuando em produções para televisão, cinema e teatro, Léa consolidou uma carreira de papéis marcantes em produções como Selva de Pedra, Escrava Isaura, Xica da Silva e O Clone. Foi peça fundamental na quebra da barreira dos personagens tradicionalmente destinados a atrizes negras. Tornou-se, assim, uma referência para jovens atores e admirada pela qualidade de suas atuações.
Dona Léa seguia ativa nas artes cênicas. Em 2022, atuou nos longas Barba, Cabelo e Bigode, Pacificado e O Pai da Rita. Ontem (14) havia confirmado negociações com a TV Globo para atuar no remake da novela Renascer.
Possíveis alterações na programação do Festival de Gramado serão anunciadas em breve pela organização.