A atriz Léa Garcia, que morreu nesta terça-feira (15), aos 90 anos, foi uma das primeiras mulheres negras a alcançar grande destaque na dramaturgia brasileira. A informação do óbito foi confirmada por familiares e divulgada pela equipe da artista no perfil dela no Instagram. Na rede social, apareceram as primeiras homenagens de colegas e amigos, que lamentaram a morte da atriz.
Léa estava em Gramado, na serra gaúcha, onde seria homenageada nesta terça no Festival de Gramado com o Oscarito, prêmio pelo conjunto da obra, ao lado da colega Laura Cardoso. A artista recebeu quatro Kikitos ao longo da carreira, além de uma indicação no Festival de Cannes.
Nos comentários da publicação anunciando o falecimento, o jornalista Manoel Soares disse sentir dor pela perda e agradeceu por toda a contribuição de Léa Garcia para as artes. "Obrigado pela vida que viveu e nos ensinou a viver".
Ele ainda publicou uma mensagem no perfil pessoal:
"Cada sorriso, cada entoada de voz, cada olhar foi uma aula de afeto e coerência entre arte e vida, o tempo se curvou ao seu encanto obedecendo a melodia de sua existência."
Laura Cardoso, 95 anos, falou sobre ter passado os últimos dias na companhia da colega e amiga:
"Ainda sem compreender o que houve. Estávamos juntas todos esses dias em Gramado, sorrindo e se divertindo, como nos velhos tempos... Fique com Deus, minha eterna colega. Fique com Deus..."
O ator Lázaro Ramos lembrou que era um sonho pessoal seu trabalhar com Léa, agradecendo a ela pela inspiração que foi para tantos outros artistas. Os dois atuaram juntos na série Mister Brau, da Globo:
"Eu não sei como fazer esta despedida, Dona Léa. Dói. Sua vitalidade, sua força, sua jovialidade e seu talento sempre foram inspiradores. Poder trabalhar com a senhora foi um sonho alimentado por anos, e realizado com muita celebração."
A atriz Luana Xavier, ex-apresentadora do programa Saia Justa, no canal GNT, e neta de Chica Xavier, escreveu: "Eu te amo absurdamente. E eu confesso que não tô sabendo como lidar."
Ary Fontoura também publicou uma mensagem de carinho no perfil dele. "Mais uma partida que nos deixa tristes. Obrigado, Léa Garcia, por toda a sua arte na TV, teatro e cinema. Você sempre será lembrada com muito amor e com muita importância para todos nós. Descanse em paz", escreveu.
O ator e diretor de cinema Rodrigo França trouxe palavras de agradecimento em sua homenagem, destacando que a atriz abriu portas para as novas gerações:
"Dona Léa Garcia… Meu amor, obrigado pela generosidade de cada conversa, de cada conselho. Obrigado por sempre ter me chamado de 'meu diretor', validando o meu trabalho. Obrigado por abrir tantas portas para nós entrarmos. Que o Orun a receba em festa, minha ancestralidade amada."
Destacando a rica trajetória que Léa construiu, a deputada federal Erika Hilton lembrou a participação da atriz no Teatro Experimental do Negro e seu ativismo e sua postura engajada nas pautas da população negra.
"Léa nos deixa um legado imenso na televisão, no teatro e no cinema e uma história dedicada à arte, entrelaçada a movimentos sociais, intelectuais, e à luta antirracista", escreveu ela.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também escreveu sobre a luta política de Léa Garcia:
"Essa grande atriz deixa um legado na arte, na televisão, no teatro. Artista premiada, foi do Teatro Experimental do Negro, da luta antirracista. O Brasil agradece, Léa. Nosso povo vai seguir firme também por você!"
A escritora e ex-deputada federal Manuela D'Ávila também falou sobre o pioneirismo da atriz.
"Parte Léa Garcia, uma gigante que nos emocionou tanto com seu talento e foi peça fundamental na quebra da barreira dos personagens destinados a atrizes negras. Foram tantos papéis marcantes!"