Lázaro Ramos refletiu sobre a importância de O Homem que Copiava (2003) para o início da carreira dele no cinema durante uma entrevista ao podcast Quem Pode, Pod, comandado por Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme. Rodado em Porto Alegre, em 2001, o filme de Jorge Furtado conta a história de um operador de fotocopiadora que começa a falsificar dinheiro.
Segundo o ator, o longa gaúcho foi importante para mostrar a versatilidade dele. Na época, ele havia recém concluído o premiado Madame Satã (2002), no qual interpretou uma famosa travesti carioca da primeira metade do século 20. Quando perguntado se foi este papel que impulsionou o início de sua carreira, Lázaro fez uma ressalva:
— Preciso ser justo. É uma dupla: Madame Satã e O Homem que Copiava. Porque Madame Satã mostra uma qualidade de trabalho, (ganhou) prêmio internacional, um monte de coisa legal. Mas, dentro deste mercado que gosta de estereotipar nós atores, se o mercado só tivesse visto Madame Satã, talvez nada tivesse acontecido. Quando logo na sequência vem O Homem que Copiava, que é um outro tom, um outro personagem, uma outra cara... aí o pessoal disse assim: "Eita, ele faz duas coisas".
Lázaro conseguiu ambos os papéis aos 21 anos, quando tinha recentemente saído da Bahia para apresentar espetáculos de teatro no Rio de Janeiro. Na sequência, ele emendou uma série de projetos no cinema. Trabalhar na televisão, apesar de ser o sonho de muitos atores brasileiros, não era o que ele almejava.
— Como encaixa esse rosto aqui? Vinham convites que eu não aceitava. O porteiro 2, tipo isso. Personagens sem histórias. Mesmo com esse prestígio — explicou.
Ele então decidiu focar a carreira nos filmes para ter melhores oportunidades de mostrar o seu talento.
— (Eu pensava:) Eu tô sendo tão valorizado aqui (no cinema), porque não tentar inventar um lugar aqui? Inventamos um lugar no cinema pra mim. Os filmes foram me dando oportunidades.
Lázaro falou sobre como foi gravar O Homem que Copiava recentemente, em entrevista a GZH. Ele disputou o papel com nomes como Mateus Solano e o amigo dele, Wagner Moura.
— Como ator negro, teve essa coisa muito legal: vários atores de várias etnias fizeram teste e o Jorge (Furtado) manteve o personagem exatamente igual como ele tinha planejado. Não adaptou, como em alguns casos que aconteceram ao longo da minha carreira, em que colocavam justificativa por ser um ator negro que estava fazendo o personagem. Isso foi muito importante — explicou.
Veja a entrevista completa:
A declaração sobre O Homem que Copiava está a partir dos 21min50s.