O ator Ray Fisher, intérprete de Ciborgue no filme Liga da Justiça, afirmou nesta quinta-feira (29) que as mudanças ocorridas na obra se deram após conversas racistas entre executivos da Warner Bros. Em entrevista à Forbes, ele citou diversos nomes de executivos de alto nível da produtora que participaram das discussões.
— Antes do processo de refilmagem de Liga da Justiça, conversas abertamente racistas foram mantidas, em várias ocasiões, por ex e atuais executivos de alto nível da Warner Bros. Pictures — disse Fisher. — Os tomadores de decisão que participaram dessas conversas racistas foram Geoff Johns, Jon Berg e o atual presidente do Warner Bros. Pictures Group, Toby Emmerich — acrescentou.
O ator afirmou que ficou sabendo das conversas por meio de uma pessoa que estava presente durante as discussões. Contudo, Fisher só teria sido informado disso após ter denunciado o comportamento de Johns, Berg e o roteirista Joss Whendon.
— Percebi que as anotações que acabei recebendo de Johns durante as refilmagens eram apenas uma versão codificada das coisas racistas que ele dizia a portas fechadas com os outros executivos — alegou Fisher. — Sempre suspeitei que raça era um fator determinante para a maneira como as coisas aconteciam, mas foi apenas no último verão que fui capaz de provar isso — continuou.
Fisher também apontou a diminuição de seu próprio papel e de Joe Morton, que interpretou Silas Stone, bem como a remoção completa das cenas de Zheng Kai (que viveu Ryan Choi), Kiersey Clemons (que interpretou Iris West) e Karen Bryson (que seria a mãe de Ciborgue, Ellinore). Um representante de Whedon afirmou que as mudanças já haviam sido decididas antes da chegada do diretor, que substituiu Zack Snyder. A Forbes ainda aguarda posicionamento de Emmerich, Berg e Johns.
— Nada do que estou compartilhando nesta entrevista é novidade para o RH da Warner Bros. nem deveria ser novidade para a WarnerMedia. Eu relatei quase tudo a eles em julho, incluindo o envolvimento de Emmerich — disse Fisher. — O fato de eu ter que defender a mim mesmo dessa forma é, em partes iguais, libertador e frustrante — desabafou.
Entenda o caso
Este é mais um capítulo do caso envolvendo Ray Fisher e a Warner Bros. Em julho, o ator denunciou o comportamento de Joss Whedon, que assumiu a direção de Liga da Justiça após a saída de Zack Snyder por problemas pessoais.
Fisher disse que "o tratamento que o diretor deu ao elenco e à equipe no set de Liga da Justiça foi nojento, abusivo, antiprofissional e completamente inaceitável". Ele afirma que Geoff Johns, ex-presidente da DC, e o produtor Jon Berg tinham conhecimento a respeito do comportamento de Whedon.
Em agosto, a Warner anunciou a abertura de uma investigação interna para apurar o caso. Desde então, Fisher tem criticado a empresa contratada, afirmando que ela não é independente.
No mês seguinte, o ator disse ter recebido uma ligação de Walter Hamada, atual presidente da DC, pedindo que seus relatos fossem focados apenas no mau comportamento de Whedon e do produtor Jon Berg, omitindo o nome do ex-presidente Geoff Johns. A Warner, por sua vez, emitiu um comunicado acusando Fisher de não colaborar com a apuração. Em resposta, o ator negou e disse que o conglomerado tenta "desacreditá-lo".
Jason Momoa, que faz o papel do herói Aquaman, apoiou as denúncias do colega publicamente. Outras pessoas também confirmaram as situações de abuso por parte de Joss Whedon, como o diretor Kevin Smith, que afirmou ter ouvido relatos que dão força ao argumento de Fisher, e duas dublês de Buffy, A Caça-Vampiros, que acusaram o criador da série de ser egomaníaco.