Realizada fora da competição do 47º Festival de Cinema de Gramado, a sessão especial do filme Legalidade neste domingo (18) serviu como uma forma de celebrar a vida do ator Leonardo Machado. Voz e mestre de cerimônias do evento nos últimos oito anos, ele morreu em setembro do ano passado — um mês após sua última participação como apresentador oficial do festival. Em Legalidade, Machado viveu o político Leonel Brizola.
Ao som de Deixando Pago, de Vitor Ramil, um vídeo emocionante fez uma retrospectiva da carreira de Machado. Em seguida, uma placa foi entregue à família do ator no palco. A esposa de Machado, Ana Siderman, comentou que a primeira vez que o viu foi no Festival de Cinema de Gramado.
— Nosso amor nasceu aqui. Acompanhei ele em todos os festivais. Leo vai estar sempre aqui com a gente — declarou.
Ainda no tapete vermelho, os pais dos ator, Sandra e Loureni Machado, falaram sobre a ligação do filho com o cinema e Gramado.
— Leonardo amava, amava, amava trabalhar com cinema e os festivais. Era a vida dele — disse Sandra. — Só temos de agradecer a quantidade de amigos que eles nos trouxe. Hoje vivemos dos amigos dele — continuou o pai. — Só estamos de pé pelos amigos que ele nos deu — completou a mãe.
O ator Fernando Alves Pinto lembrou que conheceu Machado no Rio de Janeiro, quando participaram de um filme que nunca foi lançado.
— Ficamos amigos para sempre. Voltamos a trabalhar juntos no Legalidade. Era um parceiro, fizemos até música juntos. Foi uma surpresa tão péssima (o câncer). Fui ver um filme dele e estava ótimo de saúde. Leo me contou que estava com câncer e falei: "Nossa, que maravilha, a medicina hoje em dia faz parecer câncer com um resfriado". Três meses depois ele foi embora — lamentou Fernando no tapete vermelho.
O ator revelou que ainda se emocionava com a participação do amigo em Legalidade.
— Ontem (sábado, 17) vendo o trailer, comecei a lacrimejar. Ele está muito bem no filme, é um dos melhores de sua carreira.
Legalidade
Dirigido por Zeca Brito, o filme se passa entre agosto e setembro de 1961, tendo como pano de fundo o momento em que o então presidente da República renuncia e seu vice, João Goulart, deve assumir o cargo. Com a intenção de evitar um golpe organizado pelos militares, o governador do Estado do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, inicia um movimento de resistência para garantir a posse de Goulart. Durante 14 dias, Brizola fica encastelado no Palácio Piratini conclamando a população pelo rádio.
Em meio às tensões políticas, a produção enfoca uma narrativa paralela a este momento, apresentando um triângulo: dois irmãos disputando a mesma mulher. Além de Leonardo Machado, o elenco do longa conta com nomes como Cleo, Fernando Alves Pinto, Letícia Sabatella e José Henrique Ligabue. O filme está previsto para chegar aos cinemas no dia 12 de setembro.
Ciro Gomes
Quem apareceu para a sessão especial de Legalidade foi o político Ciro Gomes (PDT), que concorreu à presidência da República nas eleições de 2018. Sua presença dividiu o público ao redor do tapete vermelho. Uma parte gritava pelo presidente Bolsonaro, enquanto outra respondia perguntando pelo Queiroz ou ovacionava o político.
— Esse filme vem em uma boa hora na nossa história. Mostra a grandeza de um homem de se expor ao risco de morrer para defender o país, a democracia e o direito de as pessoas terem liberdade. É uma lição para todos nós — sublinhou Ciro.