O ator, dramaturgo e diretor Lázaro Ramos recebeu nesta segunda-feira (19) o Troféu Oscarito, no Palácio dos Festivais. Ao receber a homenagem do Festival de Cinema de Gramado, o artista, de 40 anos, se emocionou. Logo ao subir ao palco, exclamou:
— Ê gente, ó o Lazinho onde tá.
Durante seu discurso, Lázaro comentou o que simbolizava para ele estar ali.
— Um lugar que só morava nos meus sonhos, ser relevante para alguém. Meu pai, que está aqui, sabe o quanto eu sonhava com isso.
Em sua fala, Lázaro agradeceu ao cinema produzido no país.
— Se eu estou aqui, é por causa do cinema brasileiro. Formou minha identidade. Quero celebrar a diversidade que é o cinema brasileiro. Todo mundo precisa ter voz — destacou.
No final do discurso, Lázaro lembrou da atriz Ruth de Souza, que morreu em julho.
— Quero dedicar esse prêmio à dona Ruth de Souza, que foi uma mãe para mim. Vai fazer muita falta, por toda a inspiração que você me deu, para esse menino preto que não sabia que podia sonhar e que agora sonha e espera poder fazer com que mais gente sonhe — agradeceu, em lágrimas.
Foguinho
Antes, no tapete vermelho, Lázaro Ramos foi ovacionado pelo público nas grades da Rua Coberta. Até um personagem antigo do ator, que ele interpretou em Cobras & Lagartos, foi lembrado: "Foguinho, cadê você, eu vim aqui só pra te ver!".
Carreira
Em sua trajetória no cinema, Lázaro Ramos estreou como ator no clássico “cult” Cinderela Baiana (1998) – longa protagonizado por Carla Perez. Foi protagonista pela primeira vez em Madame Satã (2002) e, na sequência, atuou em filmes como O Homem que Copiava (2003), Meu Tio Matou um Cara (2004), Saneamento Básico, o Filme (2007) – os três com direção de Jorge Furtado. Ele também esteve em longas como Cidade Baixa (2005) e O Beijo no Asfalto (2018).
Com Cafundó, ele recebeu o kikito de Melhor Ator em 2005, porém não estava presente na cerimônia. Na homenagem desta segunda, foi a primeira vez que Lázaro subiu ao palco do festival.
Na televisão, ele estrelou produções globais como Cobras & Lagartos, Mister Brau e Ó Paí, Ó. Atualmente, Lázaro está produzindo seu primeiro longa como diretor, Medida Provisória – descrito como uma trama de amor que se passa em um Brasil do futuro. O filme será protagonizado por sua esposa, Taís Araujo, e Alfred Enoch. A estreia está prevista para o ano que vem.
Impulso de Jorge Furtado e flexibilidade profissional
Na coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda, Lázaro falou sobre o início de sua carreira. Ele contou que tinha dificuldades em aceitar que pudesse se estabelecer na profissão de ator.
— Eu não aceitava que aquilo pudesse ser a minha carreira e a minha vida. Achava que a qualquer momento tudo podia dar errado e teria que voltar para casa — relatou.
Com o passar do tempo, Lázaro entendeu que poderia ser empreendedor na carreira cinematográfica também, além oferecer o seu trabalho. Um diretor gaúcho lhe ajudou bastante para isso:
— A convivência com Jorge Furtado foi muito importante para eu me apaixonar pelo cinema. Tudo o que ele me falava, os filmes que apresentou. Me abriu os olhos para uma outra possibilidade profissional. Aí comecei a acreditar mais. Mas ainda acho que daqui a pouco acaba.
Lázaro comentou sobre sua flexibilidade profissional, atuando tanto em comédias populares como em filmes mais alternativos.
— Para me manter vivo pela profissão, além de curioso e apaixonado, procuro fazer coisas muito diferentes uma da outra. Também me move muito tentar falar para o agora.
O ator também comentou sobre Medida Provisória, sua estreia na direção. Tratava-se de uma peça que Lázaro realizou, mas não conseguia convencer nenhum diretor a adaptá-la para o cinema.
— Quando vi, já estava dirigindo sem querer. Demorou seis anos para eu realizar o filme. Primeiro para viabilizá-lo financeiramente. E também para me preparar, passei os seis anos estudando — relatou.
Ao ser questionado se teria algum papel que ele gostaria de refazer com mais maturidade, Lázaro brincou:
— Nem Cinderela Baiana (risos).