Na noite desta quinta-feira (22), o ator e diretor Miguel Falabella subiu ao palco do Palácio dos Festivais para ler um manifesto em favor das políticas públicas voltadas ao setor audiovisual brasileiro. Chamado de "Carta de Gramado", o documento produzido e assinado por Conexões Gramado Film e Market, 47º Festival de Cinema de Gramado e 63 entidades brasileiras foi lido antes da apresentação de Veneza, longa-metragem de Falabella que integra a mostra competitiva.
Logo no início, o manifesto defende a permanência e a independência da Agência Nacional do Cinema (Ancine): "cada vez mais ativa, livre e desburocratizada, com foco em uma cinematografia forte, capaz de representar todo o Brasil em sua diversidade".
O grupo também contesta a portaria nº 1.576 de 20 de agosto, que suspende o edital de chamamento das TVs públicas, publicada nesta quarta-feira (21). "Repudiamos qualquer ataque, qualquer tipo de censura que atente a liberdade de expressão e velhos preceitos constitucionais garantidos pelo artigo 50 da Constituição".
Por fim, a "Carta de Gramado" frisa que "o audiovisual brasileiro vive seu melhor momento, com reconhecido potencial cultural, artístico e econômico dentro e fora do país", citando ainda dados sobe geração de empregos e representação no PIB. "Garantir o audiovisual fortalecido e livre é fundamental para a soberania nacional", finaliza o texto.
Após a leitura, o público aplaudiu a iniciativa e o elenco deixou o palco para a exibição de Veneza.
Protestos
Esta não é a primeira manifestação que ocorre na 47ª edição do Festival de Cinema de Gramado. Desde o primeiro dia de evento, profissionais do setor audiovisual protestam contra a crise do financiamento ao setor, os debates em torno da Ancine e, mais recentemente, a suspensão de um edital com séries de temática LGBT+ que foram criticadas pelo presidente Jair Bolsonaro.
Muitos profissionais ressaltaram os aspectos econômicos do setor, com número de empregos diretos e indiretos gerados por cada filme presente no evento - mil em Bacurau, 860 em O Homem Cordial, 1.260 em Hebe: A Estrela do Brasil. A equipe e elenco do aclamado Pacarrete seguraram cartazes de protesto e ouviram muitos “Fora Bolsonaro” no Palácio dos Festivais.