Por Raquel Saliba, editora de imagem de GaúchaZH
Nesta semana estreou o longa "Capitã Marvel", que conta a história de Carol Danvers, piloto da Força Aérea Americana que ganha poderes após uma explosão e acaba esquecendo de quem costumava ser ao viver em outro planeta. O filme chegou em um momento de grande expectativa dos fãs da série Vingadores, por saberem da importância da personagem para o próximo filme da saga. Apesar de ser fã de carteirinha da Marvel e, especialmente, da franquia que reúne todos os super-heróis possíveis, confesso que não foi isso que me prendeu na história da Capitã.
Atenção: contém spoilers!
"Você não é forte o suficiente", "Você é muito pequena", "Isso não é brincadeira de menina", "Você é fraca", "Você não vai conseguir". Os flashbacks que aparecem na memória da personagem mostram o quanto ela foi questionada durante toda a sua vida por ser mulher. E em, nenhum momento, ela demonstra fraqueza ou vontade de desistir.
Mas além de toda a questão motivadora — porque é sempre muito inspirador ver uma mulher protagonista tão forte como esta na telona — me emocionei com as cenas mostradas. São imagens dos treinamentos no exército e de acidentes na infância, como uma corrida de kart: ela aparece sendo desacreditada por um garoto, que grita que ela não deveria acelerar tanto. Com um olhar desafiador, ela acelera, acaba colidindo, se machucando e termina levando um sermão do pai naquele tom de "isso não é coisa para menininhas, eu avisei". Imaginei quantas mulheres no cinema viveram situações semelhantes a esta e senti um calor no peito na cena que antecede o final do filme: um compilado dela levantando diversas vezes após cair.
Acho que até os menos fãs da Marvel já sabem: esta é a personagem que vai salvar o universo. Ela foi apresentada neste filme para que todos soubessem quem ela é — e o quão poderosa , também — quando surgir no próximo longa resolvendo todas as tretas sozinha, talvez com uma ajudinha do Thor, obviamente. Mas, mais do que uma salvadora de galáxias, a Capitã é uma mulher que foi questionada durante toda a vida. Assim como tantas de nós que ousamos sonhar mais alto.
Como uma boa nerd que acompanha todos os filmes de super-herói possíveis, sei que ele tem algumas falhas de efeitos especiais (as cenas no espaço não me agradaram muito) e recorre a algumas soluções fáceis demais no roteiro. Mas a força feminina que é mostrada, e também combinada com piadas suaves sobre a (pouca) força do personagem de Nick Fury, me fizeram dar pouca atenção para estas questões.
É muito bom ver o feminismo salvando o universo.