A inglesa Denise Fergus conclama a um boicote à próxima cerimônia do Oscar, marcada para 24 de fevereiro, após o filme Detainment ter sido indicado ao prêmio de melhor curta-metragem.
A obra de ficção rememora o assassinato de James Bulger, menino que tinha 2 anos quando foi raptado e morto por duas crianças em Liverpool, em 1993. A vítima era filho de Denise.
O curta, escrito e dirigido pelo irlandês Vincent Lambe, se centraliza no interrogatório de Robert Thompson e Jon Venables, condenados pelo crime e que tinham apenas 10 anos na época.
Desde que a obra foi anunciada como uma das finalistas na categoria, os pais do menino assassinado têm protestado e pedido para que o filme não fosse incluído. Lançaram uma petição na internet que colheu mais de 98 mil assinaturas, mas o ato não fez efeito, já que o curta foi indicado mesmo assim.
Em seu perfil numa rede social, Fergus disse estar "enojada e aborrecida" com a indicação. Afirmou ainda que teve seu sofrimento revivido.
— Só espero que o filme não saia vitorioso.
O pai, Ralph Bulger, também criticou a decisão:
— Para Hollywood, é só mais um filme, mas para mim e minha família é um pesadelo.
Segundo ele, o retrato do filme é "simpático" aos dois garotos condenados pelo crime. Diretor da obra, Lambe afirmou que o filme não quer trazer mais dor à família e pediu desculpas por não ter contatado os parentes de Bulger antes das filmagens.
— Houve críticas de que o filme "humaniza" os assassinos, mas se não pudermos aceitar que eles são seres humanos, nunca poderemos entender o que os levou a cometer um crime tão pavoroso — disse.
Em 1993, Thompson e Venables encontraram Bulger num shopping center na cidade inglesa e o levaram até perto de uma linha de trem, onde o golpearam até a morte com um tijolo e um pedaço de ferro e deixaram seu corpo nos trilhos. O crime chocou o Reino Unido.
Os dois foram soltos em 2001, mas Venables retornou à prisão após novas acusações, dessa vez por crimes relacionados a pornografia infantil.